Turquia mobilizou sua Força Aérea para interceptar avião russo
Ancara denuncia que houve uma violação de seu espaço aéreo na fronteira com a Síria
O Ministério de Relações Exteriores da Turquia denunciou nesta segunda-feira uma “violação” do seu espaço aéreo por um dos caça russos que participam da recém-iniciada campanha de bombardeios na Síria. O incidente ocorreu no sábado às 12h08 (6h08 em Brasília), quando um avião da Força Aérea russa sobrevoou a localidade de Yayladag, no sul da Turquia, que fica na fronteira com as províncias sírias de Idlib e Latakia, onde forças rebeldes foram bombardeadas nos últimos dias. “A aeronave russa saiu do espaço aéreo turco com direção à Síria quando foi interceptada por dois F-16 da Força Aérea turca que patrulhavam a região”, disse o Governo turco em nota.
A chancelaria turca convocou o embaixador da Rússia em Ancara, Karlov Andrey Gennadyevich, para exigir explicações e “protestar energicamente” pelo incidente. O ministro turco de Relações Exteriores, Feridun Sinirlioglu, telefonou para seu homólogo russo, Sergei Lavrov e “pediu que não se repitam essas violações, pois de outra forma responsabilizaremos a Federação Russa por qualquer incidente indesejado que vier a ocorrer”, segundo o comunicado do Ministério. Ao mesmo tempo, a Turquia iniciou consultas com seus aliados europeus, com os EUA e com a Secretaria Geral da OTAN para “avaliar a situação”.
Ancara foi uma das capitais mais críticas à intervenção de Moscou na Síria, anunciada na semana passada, já que o poderio aéreo russo impossibilita a criação de uma “zona tampão” ou de uma área de exclusão aérea no norte de Síria, medida que a Turquia há tempos propõe. O plano turco era criar uma faixa, entre as cidades do Yarablus e Azaz, à qual nem o Estado Islâmico (EI) nem o Governo de Bashar al Assad tivessem acesso, de modo que lá pudessem ser acolhidos parte dos dois milhões de refugiados sírios que atualmente residem na Turquia. Esse espaço terrestre serviria também para que facções rebeldes apoiadas por Ancara conseguissem se organizar.
Os bombardeios russos têm como alvo principalmente grupos organizados sob o comando do Exército da Conquista, uma coalizão militar patrocinada por Turquia, Arábia Saudita e Catar, da qual participam algumas forças moderadas contrapostas a Assad, apesar do predomínio de combatentes filiados às milícias islâmicas Ahrar ash Sham e Frente Al Nusra (filial da Al Qaeda na Síria). Nos últimos seis meses, essa aliança obteve importantes avanços contra ao Exército regular na província de Idlib, pondo em risco a defesa de Latakia, um dos bastiões de apoio ao regime sírio.
“A Rússia está cometendo um grave erro”, criticou no domingo o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, incomodado com o fato de que seu homólogo russo, Vladimir Putin – com quem tem uma relação de amizade pessoal –, não estar levando em conta a oposição de Ancara a essa campanha militar. Segundo Erdogan, que hoje inicia uma rodada de contatos com as autoridades da União Europeia, as ações russas contribuirão para o seu “isolamento na região”.
Isso, no entanto, parece distante da realidade. Os bombardeios russos foram apoiados não só por aliados tradicionais da Rússia no Oriente Médio, como Irã e a própria Síria, mas também por outros Governos, como o Iraque e o do Egito. Os curdos que lutam no norte de Síria tampouco veem com maus olhos a intervenção da Rússia. Em uma recente entrevista ao site Al Monitor, Salih Muslim, líder do Partido da União Democrática (PYD), majoritário entre os curdos de Síria, elogiou os bombardeios russos porque, segundo ele, “evitarão uma intervenção turca” no norte da Síria. Além disso, mostrou-se favorável a que, além do Estado Islâmico, sejam atacadas também as posições de facções como Ahrar ash Sham e Al Nusra, pois “não há diferença entre os três grupos”.
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