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Merkel cai nas pesquisas devido à crise dos refugiados

Chanceler perde apoio em seu partido, a CDU, em razão da política de asilo

Merkel, neste domingo, na sede da ONU.
Merkel, neste domingo, na sede da ONU.Bryan R. Smith (AP)

A chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, contou, ao longo de seu mandato, tanto com o apoio de seus compatriotas quanto com a aprovação de seu partido. Agora, quando está prestes a celebrar seu décimo aniversário como chefe de Governo, corre o risco de perder ambos devido à crise dos refugiados.

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Várias pesquisas publicadas neste fim de semana indicam que Merkel está perdendo popularidade e, mais importante, o apoio de seus fiéis eleitores. A revista Der Spiegel revelou que Merkel perdeu o posto de política mais popular do país para seu ministro de Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier. Merkel caiu para quarto lugar, abaixo também de seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, e do presidente da Alemanha, Joachim Gauck.

A sondagem Politbarometer, divulgada regularmente pela televisão pública, a ZDF, mostrou que a chanceler obteve sua pior nota na atual legislatura, com pontuação de 1,9, numa escala em que 5 é a melhora avaliação e -5 é a pior. Mais preocupante ainda, a pesquisa indica que a política de asilo defendida por Merkel só tem o apoio de 50% da população, e 43% se dizem abertamente críticos a sua gestão.

Problemas internos

À queda de popularidade se soma o nascimento de uma inédita revolta no interior de seu partido, a CDU, tornada pública na quinta-feira passada quando o ministro do Interior, Thomas de Mazière, talvez seu aliado mais leal no Governo e no partido, responsabilizou Merkel pelo caos provocado pela decisão da chanceler de abrir as fronteiras aos refugiados impedidos de prosseguir em Budapeste.

“Na CDU cresce a crítica contra Merkel. Destacados líderes democrata-cristãos exigem mão de ferro na crise dos refugiados e compartilham a posição de Horst Seeofer, que pediu à chanceler sinais reais para impor a ordem”, destacou neste sábado o influente jornal conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung. “A população espera que nosso partido dê fim à chegada de refugiados”, disse a deputada democrata-cristã Erika Steinbach ao Bild am Sonntag.

Merkel teve que ouvir na quarta-feira passada uma avalanche de críticas vindas de vários membros destacados do grupo parlamentar democrata-cristão. O deputado da CDU Roderich Kiesewetter foi mais direto e admitiu o medo que tomou o partido devido à política de asilo promovida por Merkel. “Teremos problemas para ganhar as próximas eleições”, disse. Merkel respondeu com uma frase que desconcertou seus deputados. “Não me importa se sou culpada pela chegada dos refugiados. Eles já estão aqui.”

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