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Na ONU, Dilma admite falhas na condução da economia

Presidenta defendeu a independência do Judiciário e o respeito à democracia

Dilma Rousseff discursa na ONU, em Nova York.
Dilma Rousseff discursa na ONU, em Nova York.J. MOORE (AFP)

A presidenta Dilma Rousseff (PT) lançou uma mensagem para tranquilizar o público externo sobre a situação do Brasil, mas também admitiu, pela primeira vez em um foro internacional, que parte da crise econômica ocorreu por conta de sua gestão. O raro mea-culpa não foi detalhado, apenas citado brevemente durante seu discurso na abertura da sessão de debates da 70ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

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“Por seis anos adotamos um amplo conjunto de medidas, reduzindo imposto, ampliando crédito, reforçando investimento e o consumo das famílias. Aumentamos os empregos, aumentamos a renda neste período. Esse esforço chegou, agora, no limite. Tanto por razões fiscais internas, como por aquelas relacionadas ao quadro externo”, afirmou. Antes dessa fala, a mandatária brasileira apenas citava a crise internacional como a responsável pelos problemas financeiros enfrentados pelo país.

Em um discurso de pouco mais de 20 minutos, Rousseff também falou que as restrições das contas públicas do Brasil (que prevê um déficit orçamentário de 30 bilhões de reais no ano que vem) acarretaram em uma série de medidas de cortes. “Não temos problemas estruturais graves. Nossos problemas são conjunturais. Estamos reequilibrando nosso orçamento e assumimos uma forte redução de nossas despesas.”

Apesar da fala dela, nenhuma das 16 propostas apresentadas há duas semanas como parte do novo pacote de ajuste fiscal chegou a ser implementada até o momento. A primeira, a reforma administrativa/ministerial, deverá ser iniciada nesta semana, quando a presidenta retornar a Brasília e acertar os últimos detalhes com os partidos aliados, principalmente o PMDB.

Democracia

Em seu discurso para cerca de 150 chefes de Estado e de Governo, Rousseff também citou que o Brasil não deixará de lutar pela democracia. Envolta em uma crise política que foi amplificada pela operação Lava Jato, a presidenta disse que sua gestão defende o intenso combate à corrupção e pediu que os magistrados julguem todos os casos com liberdade e imparcialidade. A fala foi interpretada como dois recados a públicos específicos: 1) para os oposicionistas que defendem o impeachment presidencial; 2) para juízes, como o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que acusam o PT de ter um projeto de se eternizar no poder.

“Queremos um país que os governantes se comportem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos. Em que os juízes julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões que qualquer natureza e desligados de paixões político-partidárias, jamais transigindo com presunção de inocência de qualquer cidadão. Queremos um país em que o confronto de ideias se dê em um ambiente de liberdade e respeito”, declarou.

Internacional

Na área internacional, a presidenta só reforçou manifestações que ela ou seus subordinados já haviam dado nos últimos anos. Afirmou que o Brasil está disposto a receber refugiados, que sua gestão defende o reconhecimento do Estado Palestino, congratulou o acordo nuclear com o Irã, pediu o fim do embargo norte-americano a Cuba e reforçou o principal pleito brasileiro no âmbito das Nações Unidas: a reforma do Conselho de Segurança.

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