Estado Islâmico decapita importante arqueólogo em Palmira
O grupo terrorista degolou Khaled Assad, de 82 anos
O Estado Islâmico (EI) decapitou nesta terça-feira Khaled Assad, de 82 anos, um dos principais arqueólogos da cidade histórica de Palmira (Síria), segundo informou o chefe de Antiguidades da Síria, Maamun Abdulkarim. Após ficar retido durante um mês, Assad foi assassinado “numa praça pública diante de dezenas de pessoas”, afirmou o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que conta com uma ampla rede de observadores no país.
Assad, aposentado havia 13 anos, foi durante quatro décadas o chefe de Antiguidades de Palmira, um dos mais importantes sítios arqueológicos da Síria e declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Foi detido em julho passado. Trata-se do décimo-quarto funcionário de sítios arqueológicos assassinado pelo Estado Islâmico no país, segundo a agência estatal de notícias síria Sana. “O Daesh [sigla pejorativa usada em árabe em referência ao EI] executou um dos mais destacados especialistas em antiguidades sírios”, declarou Abdulkarim à imprensa. Os seis lugares que receberam o título de Patrimônio Cultural na Síria estão em perigo. “O EI o interrogou diversas vezes para obter informação sobre os locais onde se encontram os tesouros arqueológicos de Palmira, sem resultado. Então o mataram”, afirmou.
Numa imagem distribuída pelos seguidores do EI, o suposto corpo de Assad aparece inerte com um cartaz que o acusa de ser “leal ao regime sírio”. O motivo da acusação é que Assad representou o regime em conferências no exterior diante dos “infiéis”, além de ter sido diretor dos “ídolos” de Palmira. Em sua leitura mais extrema do islã, o EI condena toda idolatria ou representação icônica e considera apóstatas todos aqueles que não professam o islã sunita em sua interpretação salafista mais conservadora.
Em 21 de maio passado, os homens de Abu Bakr al-Baghdadi ganhavam terreno contra as tropas sírias, dominando Palmira, 250 quilômetros a noroeste de Damasco. Em seu trajeto, assassinaram dezenas de soldados e civis. Antes de abandonar Tadmur, nome do município em árabe, os funcionários sírios levaram consigo diversas relíquias arquitetônicas para deixá-las a salvo. No entanto, vários funcionários do lugar afirmaram à imprensa local que algumas peças foram roubadas e depois levadas para fora do país através da fronteira terrestre com o Líbano, para serem contrabandeadas no exterior.
Apesar do medo de que os soldados do autoproclamado califado destruíssem Palmira, como fizeram em sítios arqueológicos do Iraque, a maior parte das colunas romanas, o anfiteatro e as demais ruínas arqueológicas do local permaneceram intactos. Imagens feitas por jornalistas locais mostram, porém, impactos de morteiros em algumas colunas e nos muros ao redor do corredor romano. Menos sorte teve a estátua milenar do Leão de al-Lat, destroçada pelos jihadistas em julho passado. Soldados sírios afirmaram a EL PAÍS que os extremistas minaram a zona, para destruí-la em caso de uma fuga às pressas.
Ameaçadas em diferentes frentes e com efetivos limitados, as tropas regulares sírias se viram obrigadas a abandonar várias regiões nos últimos meses. No nordeste avançam as hostes do EI, enquanto o noroeste é palco da Frente da Conquista (um conjunto de grupos composto pelo ramo local da Al Qaeda e várias facções de maior ou menos caráter islamista). Após um acordo fechado entre Turquia, Catar e Arábia Saudita, diferentes facções rebeldes se uniram em maio passado à Frente da Conquista, conseguindo conquistar o município de Jisr al-Shughur, situado poucos quilômetros ao norte da província costeira de Lataquia e feudo alauita (mesmo grupo étnico-religioso dos Assad).
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