Petrobras e falta de água derrubam popularidade de Dilma e Alckmin
Crise na estatal e aumento de impostos derrubam a avaliação da presidenta. Governador de São Paulo perde 10 pontos de apoio
A enxurrada de notícias negativas no país nas últimas semanas deixou sua primeira vítima: a popularidade da presidenta Dilma Rousseff e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, despencou com o noticiário sobre o esquema de corrupção na Petrobras, o aumento de impostos, e a exposição da crise hídrica. É o que revelou uma pesquisa do instituto Datafolha, divulgada neste sábado, que ouviu 4.000 pessoas no país, entre os dias 3 e 5 de fevereiro.
A sucessão de denúncias sobre a petroleira e o ajuste fiscal, que deu início à elevação de alguns impostos, fez a presidenta perder o apoio que ela conseguiu construir durante a sua reeleição em outubro do ano passado. Em dezembro, 42% dos entrevistados acreditavam que o governo de Dilma era ótimo/bom e 24% o classificavam como ruim ou péssimo. Essa proporção se inverteu, e hoje somente 23% dos que responderam à pesquisa Datafolha acreditam que a gestão da presidenta é ótima ou boa, contra 44% dos que consideram ruim ou péssima.
Alckmin também não passou incólume, diante da maior crise de abastecimento de água, que ameaça os paulistanos com um rodízio de cinco dias sem o insumo para dois com. Sua popularidade, porém, caiu menos: de 48% em outubro do ano passado, 38% dos entrevistados classificaram o seu governo como ótimo/bom.
A presidenta ganhou, ainda, a desconfiança geral da população de que tinha ciência sobre a corrupção da Petrobras. Dois terços dos entrevistados (77%) assinalaram que ela sabia do esquema, embora 25% acreditem que ela não podia fazer nada, e o restante avalia que ela não só sabia, como deixou acontecer. O sentimento se agrava com as perspectivas negativas da economia, que dá sinais de fatiga, com anúncios de planos de demissão voluntária, inflação persistente e empresários inseguros para investir.
Também o prefeito Fernando Haddad caiu no conceito da população. Depois de anunciar o aumento do ônibus no final do ano passado, os entrevistados interromperam a trégua com o mandatário petista, que chegou a ter 22% de avaliação positiva em setembro passado. Seu prestígio ficou restrito a apenas 20% da população, que mantém Haddad em boa conta, enquanto 44% responderam que a sua administração é ruim ou péssima. Em setembro, essa taxa era de 28%.
A pesquisa chega num momento em que os governantes se esforçam para mostrar suas boas práticas, sem sucesso. Se os problemas econômicos mexem na parte mais sensível dos brasileiros - o bolso - a escassez de água incomoda pela sombra de tempos sombrios daqui em diante no maior Estado do país. Tanto Dilma quanto Geraldo Alckmin estão sendo criticados pelo que já foi chamado de “estelionato eleitoral”. Enquanto Dilma prometeu, em campanha, não prejudicar os ganhos de renda da população, Alckmin garantiu que não havia necessidade de rodízio. Ambos vinham de uma boa avaliação exatamente pela exposição do marketing político durante a campanha eleitoral. O dia a dia com o anúncio dos impostos e a falta de água parece ter trazido os brasileiros de volta à dura realidade de 2015, em pleno pré-carnaval.
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