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Sai da prisão mulher carioca suspeita de assassinar italiana em Jericocoara

Para juiz, contradições de Mirian França não são suficientes para motivar sua prisão

A italiana Gaia Molinari em uma imagem de Facebook.
A italiana Gaia Molinari em uma imagem de Facebook.

Duas semanas depois de ser presa como principal suspeita do assassinato da jovem italiana Gaia Molinari, a farmacêutica carioca Mirian França saiu da prisão na terça-feira, depois que o juiz de Jijoca de Jericoacoara, José Arnaldo dos Santos Soares, atendeu ao pedido da defesa e avaliou que as contradições cometidas durante seus testemunhos não são suficientes para motivar sua prisão. O juiz, “em atenção ao princípio da proporcionalidade”, afirma que é possível “a aplicação de outra medida cautelar menos pesada” sem prejudicar o desenvolvimento da investigação, destaca a falta de provas que demonstrem a participação da farmacêutica no crime e proíbe sua saída do estado do Ceará por 30 dias.

A libertação acontece depois que uma campanha online mobilizou 8.500 pessoas contrárias à prisão de França, doutoranda de 31 anos sem antecedentes criminais, que é atribuída a motivações racistas e motivou até uma manifestação no centro do Rio de Janeiro “contra o encarceramento do povo negro”. A campanha resultou em um enfrentamento entre a Defensoria Pública e a Polícia Civil de Fortaleza, cujos responsáveis afirmaram que a prisão preventiva era plenamente justificada devido às “inúmeras contradições” em que incorreu a suspeita durante os dois depoimentos prestados entre 26 e 28 de dezembro. O corpo de Molinari, de 29 anos, foi encontrado no dia de Natal com sinais de violência, perto da famosa praia de Jericoacoara, para onde tinham viajado juntas depois de se conhecerem em Fortaleza em 16 de dezembro.

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Gina Moura, defensora pública do estado do Ceará, que assumiu o caso no Ano Novo, afirmou durante toda a semana passada que a ordem de prisão não tinha fundamento jurídico, que a acusação a Mirian França tinha ocorrido devido à pressão internacional e que suas contradições se referiam “a pequenos detalhes, dados periféricos que de modo algum levam a crer que foi responsável pelo crime”.

Descartados os motivos de roubo e estupro, e depois de ter interrogado mais de 15 pessoas, a polícia continua trabalhando em duas linhas principais de investigação: uma, de crime passional, e outra que continua sem ser revelada. Em ambos os casos, o assassinato teria sido cometido por duas ou mais pessoas. A delegada Patrícia Bezerra, responsável pela investigação, informou que a Polícia Civil pretende fazer uma reconstrução do crime, com a participação de França, na próxima semana, e se mostrou otimista quanto a uma resolução definitiva do caso, apesar das crescentes críticas sobre a falta de avanços e a polêmica prisão da amiga da falecida.

O corpo de Molinari, que morreu estrangulada e antes foi golpeada no rosto, foi embalsamado e partiu ontem para a Itália, onde será enterrado. Os resultados do exame toxicológico, que determinará se ela foi drogada (como suspeita a polícia), sairão no dia 15. A jovem italiana, residente em Paris, estava viajando há alguns meses pelo Brasil e se hospedava em albergues, em regime de intercâmbio, trabalhando algumas horas por dia na recepção ou na cozinha.

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