Resgate dos passageiros de balsa italiana é encerrado com oito mortos
Foi aberta investigação criminal para averiguar as causas do incêndio na embarcação
Depois de mais de 24 horas de operação para resgatar os 478 passageiros da balsa italiana acidentada, as autoridades informaram que todas as pessoas a bordo, incluindo o capitão, o último a deixar a embarcação, foram retirados. O Norman Atlantic sofreu um incêndio no domingo e, ao longo do dia, vários helicópteros, apesar do temporal e da escuridão, realizaram o resgate. As autoridades confirmaram que pelo menos oito pessoas morreram no acidente. Vários passageiros estão feridos, na maioria com sintomas de hipotermia. Uma equipe médica italiana conseguiu chegar durante a noite na embarcação para ministrar os primeiros socorros e levar cobertores térmicos.
Na entrevista à imprensa já programada para o fim de ano, o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, antecipou que os trabalhos de resgate terminarão logo. Mas ele admitiu que poderá “haver discrepância entre a lista e as pessoas a bordo”, já que não se descarta a possibilidade de “imigrantes clandestinos”. Um promotor da localidade italiana de Bari, Giuseppe Volpe, anunciou nesta segunda-feira a abertura de uma investigação criminal para averiguar a origem do fogo e determinar como ele atingiu tamanha intensidade.
A luz do dia permitiu acelerar o ir e vir dos helicópteros, único meio capaz de alcançar a balsa, mas se prevê a chegada de uma nova tempestade de neve no Mar Adriático. Durante a noite rompeu-se o cabo que o rebocador tinha prendido à balsa, o que permitira virá-la para que o vento afastasse a fumaça da embarcação e os helicópteros tivessem maior visibilidade, aliviando as já dificílimas condições das pessoas a bordo: “Estamos morrendo de frio e também por causa da fumaça”, disse um dos resgatados à mídia da Grécia, de onde provinha a maioria dos viajantes da balsa, que fazia o trajeto Patras-Igoutmenitsa (diante da ilha grega de Corfu)-Ancona (Itália)
Embora tenha conseguido recolocar o cabo, a Marinha Italiana decidiu manter a balsa imobilizada. Seria rebocada para algum porto na Albânia (está a 13 milhas marítimas da costa albanesa) ou até Puglia quando todos os passageiros tivessem sido retirados.
O próprio primeiro-ministro Renzi foi quem anunciou no meio da manhã desta segunda-feira que o número de mortos no acidente aumentara de um para cinco, depois de terem sido encontrados quatro cadáveres no mar. Até esse momento, a única morte confirmada era a do cidadão grego Gheorgiou Douli, de 62 anos, que caiu no mar tentando chegar a um dos botes salva-vidas. Renzi aproveitou para elogiar o “trabalho impressionante” de quem participou dos serviços de resgate dos passageiros e da tripulação da embarcação.
As televisões italianas transmitiram nesta segunda-feira pela manhã imagens de um grupo de 49 náufragos desembarcando do navio de carga Spirit of Piraeus no porto de Bari. Trata-se de uma embarcação privada, que atendeu ao pedido de ajuda do capitão da balsa, o italiano Argilio Giacomazzi, para apoio aos trabalhos de salvamento. Uma dezena de barcos se uniu aos meios aéreos e marítimos deslocados por Roma e Atenas até que no meio da tarde de domingo chegou à área o navio anfíbio italiano San Giorgio, de onde passou a ser coordenada a operação e onde os helicópteros deixavam as pessoas resgatadas.
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