Dilma anuncia nova equipe para retomar o crescimento econômico
Levy deixa o Bradesco para assumir o Ministério da Fazenda no segundo Governo Dilma Nelson Barbosa vai chefiar o Planejamento e Tombini segue comandando o Banco Central
Após quase uma semana de suspense, a presidenta Dilma Rousseff anunciou o economista-chefe da gestora de investimentos Bradesco Asset Management, Joaquim Levy, como seu novo ministro da Fazenda. Também vai compor a equipe econômica de seu segundo mandato o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa, que assume o comando do Ministério do Planejamento no lugar de Miriam Belchior. Segundo nota divulgada pela Secretaria de Imprensa da presidência, Alexandre Tombini foi convidado a seguir no comando do Banco Central. A missão do grupo é fazer o país voltar a crescer, após sucessivos resultados frustrantes, e retomar a confiança na economia brasileira.
Levy, um economista formado pela ortodoxa Universidade de Chicago, assume para “trazer credibilidade” ao governo, nas palavras do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, mas sua escolha causou desconforto entre alguns apoiadores do Governo, principalmente porque seu perfil conservador não se harmoniza com a discurso econômico progressista utilizado pela campanha de reeleição da presidenta. A contradição, que teria sido resultado de aconselhamento do ex-presidente Lula, foi traduzida em um frase provocativa pelo principal adversário de Rousseff na campanha, o senador tucano Aécio Neves: "É como se um quadro da CIA fosse indicado para comandar a KGB".
Em sua primeira declaração pública após o anúncio, Joaquim Levy disse que “o objetivo imediato do Ministério da Fazenda é estabelecer uma meta do superávit primário para os próximos anos que contemple a estabilização e declínio da dívida pública”, e que “o superávit primário deve alcançar o nível de 2% do PIB ao longo do tempo”. Dada a atual situação econômica do país, contudo, o futuro ministro disse que o Governo deverá trabalhar com a meta de 1,2% do PIB para 2015, mas garantiu que “a meta de superávit primário para 2016 e 2017 não será menor que 2% do PIB”. Neste ano, o Governo Rousseff não deve conseguir atingir a meta prevista de 1,9%, e, portanto, tenta alterar no Congresso Nacional a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), para evitar que a presidenta cometa um crime de responsabilidade.
Questionado em entrevista coletiva sobre se a política econômica que conduzirá pode prejudicar de alguma forma os programas sociais do Governo, Levy respondeu que “todo exercício orçamentário e fiscal é um exercício de escolha de prioridades”, mas não deu detalhes sobre como deve perseguir a meta que estabeleceu. O futuro ministro da Fazenda indicou ainda que terá autonomia para trabalhar. “A autonomia está dada. O objetivo é claro. Há o suficiente grau de entendimento dentro da própria equipe [sobre isso]; e maturidade. Essa questão [de autonomia] vai se responder de uma maneira muito tranquila: a gente vai ver dia a dia como ela ocorre. Quando uma equipe é escolhida, é porque há uma confiança, e eu não tenho indicação nenhuma em sentido contrário”.
Horas antes do anúncio desta quinta-feira, o ministro Gilberto Carvalho defendeu a nomeação dos novos ministros antes do fim deste Governo, para que eles possam fazer uma transição para o próximo mandato com os atuais titulares. Carvalho também defendeu a escolha de Levy, destacando que ele foi secretário do Tesouro no Governo Lula, de 2003 a 2006, e que, independente de seu perfil, estará subordinado à presidenta Rousseff. “É evidente que, ao aceitar ser ministro, ele está aderindo a este projeto e à filosofia econômica deste projeto. (...) Um ministro não toma decisões autônomas. Quem dá a cor do projeto é a presidenta, e ela deixou claro, na campanha e nos últimos quatro anos, qual o nosso projeto, que é a continuidade desse projeto, que é o crescimento com inclusão social, a distribuição de renda.”
Na mensagem em que anunciou o novo ministério, a presidenta agradeceu "a dedicação do ministro Guido Mantega, o mais longevo ministro da Fazenda do período democrático", destacando que "em seus doze anos de governo, Mantega teve papel fundamental no enfrentamento da crise econômica internacional, priorizando a geração de empregos e a melhoria da renda da população". Sobre Miriam Belchior, Rousseff disse que "à frente do Ministério do Planejamento, a ministra conduziu com competência o andamento das obras do PAC e a gestão do Orçamento federal". A nota informa ainda que "os ministros Mantega e Miriam permanecerão em seus cargos até que se conclua a transição e a formação das novas equipes de seus sucessores".
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