_
_
_
_

Keira Knightley luta contra o Photoshop

Atriz mantém uma guerra contra os retoques fotográficos e o papel da mulher no cinema

Keira Knightley na apresentação do seu mais recente filme, ‘O Jogo da Imitação’, no sábado.
Keira Knightley na apresentação do seu mais recente filme, ‘O Jogo da Imitação’, no sábado.CORDON PRESS

Com calça e cinturão de Tom Ford e um par de luvas compridas. O cabelo molhado não tapava estrategicamente nada. Não usava camiseta nem sutiã. Keira Knightley apareceu assim na edição de setembro da revista fundada por Andy Warhol, a Interview, um topless em preto e branco que rodou a Internet por apresentar a atriz como nunca a havíamos visto: sem Photoshop.

Acredito que o corpo da mulher seja um campo de batalha, e a culpa disso em parte é da fotografia

Na semana passada, dias após a divulgação das fotos feitas por Patrick Demarchelier para a Interview, Knightley admitiu ao jornal britânico The Times que aquele não era para ser um topless sexy. Era um gesto libertador e feminista nas páginas de uma publicação de moda, um setor que está acostumado a abusar dos retoques fotográficos, como já denunciaram Kate Winslet e a própria Keira Knightley em outras ocasiões.

“Vi como manipularam meu corpo em tantas ocasiões diferentes, por diversas razões, fossem os paparazzi ou nos cartazes dos filmes”, disse a atriz, que divulgava neste sábado seu próximo filme, O Jogo da Imitação, na companhia de Benedict Cumberbatch na cerimônia do Oscar Honorário. Por isso, quando a revista propôs uma foto, ela deixou bem claro: “Na sessão eu disse: ‘Ok, não me importo em fazer topless, desde que vocês não deixem [os seios] maiores nem os retoquem’. Porque acho importante dizer que tanto faz o formato que tenham”.

Fotografía de Keira Knightley, realizada por Patrick Demarchelier para a revista 'Interview'.
Fotografía de Keira Knightley, realizada por Patrick Demarchelier para a revista 'Interview'.

Em 2012, a revista Allure já havia mostrado a atriz de topless, mas com os braços estrategicamente erguidos, e se vangloriou de não ter feito “nenhuma cirurgia nos seios de Keira Knightley, nem com bisturi nem com um retocador”. Na época, a atriz de Piratas do Caribe já denunciava todas as situações em que seu busto havia sido alterado.

A primeira foi no cartaz de Rei Artur, em 2004. “Puseram uns peitos caídos esquisitos em mim. Pensei: ‘Bom, se for para colocar peitos de fantasia em mim, pelo menos que sejam peitos alegres’”, disse ela à Allure. A segunda vez foi em 2009, numa publicidade do perfume Coco Mademoiselle, da Chanel. “Está vendo esses peitos? Têm bastante forma por baixo”, observou.

Na época apontava isso num tom mais irônico, mas desta vez, na entrevista ao The Times, ficou muito mais séria. “Acredito que o corpo da mulher seja um campo de batalha, e a culpa disso em parte é da fotografia”, declara Knightley. “É muito mais fácil fazer uma fotografia de alguém sem forma. Ao passo que na realidade é preciso uma tremenda habilidade para capturar a forma de uma mulher e fazer com que pareça real, que sempre é bela. Mas nossa sociedade dá tanta importância à imagem que é cada vez mais complicado ver as figuras diferentes.”

Mais informações
As artistas aderem à cirurgia digital
Cinco razões pelas quais não devemos ver as fotos roubadas de Jennifer Lawrence
Angelina Jolie, política profissional
Furacões informativos pelas opiniões políticas dos famosos

Keira Knightley nunca teve problemas em aparecer nua no cinema. Ao menos parcialmente. “Em cenas de sexo, sou bastante rigorosa sobre o que se pode ver: nada da parte de baixo. Mas não me importo em mostrar os peitos, porque são tão pequenos que as pessoas não estão realmente interessadas”, disse em 2012 à Allure. Mas ela prefere evitar isso, para que o rótulo de mulher sexy não prevaleça sobre o seu talento, e por isso afirmou recentemente à revista The Edit que tende a interpretar “mulheres que não se encaixam no seu molde, que estão presas por ele e tentam rompê-lo”. Diz escolher seus papéis conforme seus valores feministas. “Rejeitei muitos filmes por isso, sobretudo aqueles em que o sexo e a violência eram injustificados. Não digo que não haja bons filmes sobre sexo e violência, mas acredito que muitos são gratuitos, e nunca pediriam essas coisas a um homem.”

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_