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Nordeste mantém a taxa de desemprego baixa no Brasil

Região criou 1 milhão de vagas no ano, dois terços dos postos de trabalho gerados no país

Desemprego cai no segundo trimestre deste ano.
Desemprego cai no segundo trimestre deste ano.Agência Brasil

A região Nordeste foi a responsável por cerca de dois terços dos empregos criados no Brasil no último ano. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quinta-feira, das cerca de 1,5 milhão de vagas ampliadas no país entre o segundo trimestre de 2013 e o mesmo período deste ano, um milhão estavam na região. Os dados mostram ainda que a região, que tem 26% da população em idade de trabalhar do país, também foi responsável por um terço das vagas com carteira assinada ampliadas. “Isso mostra que as vagas criadas foram de qualidade”, diz Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e renda do IBGE. O Brasil teve um aumento de 5,1% no número de vagas com carteira assinada no período, o equivalente a 1,7 milhão de novos postos de trabalho.

O Nordeste, entretanto, continuou na dianteira da taxa de desocupados, uma porcentagem de 8,8%, enquanto o Sudeste e o Sul do país registararam desemprego de 6,9% e 4,1%, respectivamente. Mas a vida dos nordestinos melhorou no período de um ano: no segundo trimestre de 2013 a taxa de desempregados era de 10%.

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A região, entretanto, continua sendo a que apresenta o maior percentual de pessoas fora da força de trabalho: 43,1%. O IBGE considera nessa condição os brasileiros a partir de 14 anos que não estão empregados, nem procurando emprego. No país, 38,9% das pessoas em idade de trabalhar estavam nesta situação.

A taxa de desemprego no Brasil, medida pelas pessoas que buscaram trabalho no mês anterior da pesquisa, continuou a cair no segundo trimestre deste ano. Em âmbito nacional, o nível de desocupação ficou em 6,8%. No primeiro trimestre, era de 7,1%.

Recessão técnica X desemprego baixo

Os números de desemprego do segundo trimestre chamam a atenção diante da coincidência com os números do PIB no mesmo período. Entre abril e junho deste ano, a atividade econômica recuou 0,6%, numa segunda queda consecutiva – no primeiro trimestre a queda havia sido de 0,2%, configurando recessão técnica. Isso depois de um ciclo de alta de juros que começou em março de 2013, até abril deste ano. Nesse intervalo, os juros passaram de 7,25% para 11%. Já no último dia 29, o Comitê de Política Monetária do Banco Central aumentou em 0,25% a taxa de juros, elevando para 11,25%.

Em tese, essa alta desestimula a economia, o que inevitavelmente pode chegar aos cortes de funcionários para reduzir custos e não prejudicar os lucros. Mas, curiosamente, as empresas preferem não arriscar, temendo um futuro melhor. “Embora a economia não tenha andado, os empregos continuaram a ser criados porque as empresas levam em conta outros fatores, como se elas têm perspectiva de crescimento. Tem a ver com as estratégias das empresas”, explica Antônio Correia de Lacerda, professor de economia da PUC-SP.

Durante a crise de 2009, algumas empresas se anteciparam a promover demissões, uma atitude que lhes custou caro quando a economia retomou o ritmo, em 2010. Os bons candidatos já estavam empregados e recolocar as vagas cortadas foi mais difícil.

Alguns setores, entretanto, mostram que a missão está sendo quase impossível. A indústria automotiva, por exemplo, vem promovendo cortes ao longo deste ano. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as indústrias do ramo acumulam queda de 16% das vendas. O emprego já vem sofrendo os efeitos colaterais desse quadro. De outubro de 2013 para outubro deste ano, o número de pessoas empregadas no setor caiu 7,9%.

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