Israel planeja ampliar com mais mil casas as colônias de Jerusalém
Netanyahu desconsidera críticas dos EUA a fim de apaziguar os ultranacionalistas
O Governo de Israel solicitou o projeto de 1.060 novas casas em assentamentos do leste de Jerusalém, zona ocupada em 1967, reconhecida como tal em sucessivas resoluções das Nações Unidas e espaço que os palestinos reivindicam como capital de seu futuro Estado. Cerca de 660 dessas moradias serão localizadas na colônia de Ramat Schlomo e outras 400 em Har Homa, segundo afirmaram fontes governamentais à imprensa local. Esta última foi destacada na semana passada pela União Europeia como um dos pontos em que a colonização não deveria avançar mais se ainda se quiser manter viva a possibilidade de que sejam traçadas fronteiras entre os dois países vizinhos, segundo documento publicado pelo jornal Haaretz.
O Gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovará, ao mesmo tempo, um plano de infraestrutura, estradas em sua maioria, para os assentamentos da Cisjordânia, nas quais se calcula que vivam mais de 300.000 colonos (há quase 250.000 a mais em Jerusalém Oriental). Por essas vias, afirmam fontes de seu departamento, também poderão circular os palestinos, e por isso a proposta é defendida como uma "melhora" na qualidade de vida de todos os habitantes da região. "A verdade é que isso perpetua as colônias e complica a divisão do território em caso de um acordo de paz", denuncia a ONG israelense B'tselem.
Nem as críticas em profusão depois das últimas ampliações de colônias —dos Estados Unidos, da UE e da ONU— nem a sensibilidade à flor da pele em Jerusalém Oriental, estimulada desde o verão pelo assassinato de um menor palestino nas mãos de jovens israelenses em Shuafat, a ofensiva de Gaza ou a entrada de judeus extremistas na Esplanada das Mesquitas, refreou o Executivo israelense. A imprensa local explica que Netanyahu anunciará publicamente sua nova aposta nas colônias no discurso que deve proferir esta tarde diante do Knesset (Parlamento), que retoma suas sessões de inverno.
Trata-se, afirmam, de uma tentativa de se aproximar do Lar Judaico, seu segundo mais importante parceiro, ultranacionalistas defensores das colônias, que têm ali sua principal concentração de votos necessários para levar adiante as leis desse período. O partido, liderado pelo ministro da Economia, Naftali Bennett, tinha ameaçado romper a coalizão se a construção na zona ocupada não fosse retomada.
Ontem à noite, o Canal 2 da televisão israelense adiantou que Netanyahu previa aprovar até 2.000 novas casas em colônias para apaziguar a ultradireita. O número pode ser alcançado nesta terça-feira, quando será revisado outro plano para levantar 1.531 moradias na zona palestina de Jerusalém, cuja autorização foi dada há um ano. Basicamente, explicam na Prefeitura de Jerusalém, falta a licença para a obra.
Os ministros mais ao centro, como Tzipi Livni (Justiça) e Yair Lapid (Finanças), censuraram a ampliação das colônias, "irresponsável do ponto de vista da diplomacia e da segurança", como qualifica a negociadora com os palestinos. Lapid entende que o projeto vai gerar uma "grande crise" com os Estados Unidos, com quem as relações estão especialmente tensas depois da reprimenda de Washington na semana passada ao titular da Defesa israelense, Moshe Yaalon, a quem foram vetadas até três entrevistas. O Partido Trabalhista afirma em nota oficial que Netanyahu "está bombardeando todos os interesses diplomáticos de Israel por alguns meses a mais na cadeira".
Os ministros mais conservadores censuraram a ampliação destas colônias
No início do mês, Israel anunciou 2.500 novas casas em Givat Hamatos, uma colônia recém-criada ao sul de Jerusalém, que a Administração Obama denunciou como "um obstáculo para a paz". O secretário geral da ONU, Ban Ki Moon, que no dia 13 passado esteve em Jerusalém, disse na frente de Netanyahu que as colônias são "uma violação da legislação internacional e dos direitos humanos". Toda a UE emitiu comunicados de condenação dessas construções ilegais segundo a legislação internacional.
No domingo à noite, além disso, o embaixador da Jordânia em Israel, Walid Obeidat, acrescentou que os assentamentos são "incompatíveis com o direito internacional" e podem "ameaçar" o tratado de paz que ambos os países assinaram há 20 anos. Obeidat alertou que a possibilidade de aumento da presença de judeus na Esplanada das Mesquitas, lugar santo do Islã e administrado por Amã, também coloca o pacto em risco.
Saeb Erekat, em nome do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), condenou "energicamente" o anúncio do Governo de Israel que, em sua avaliação, mais do que "evidencia" sua "intenção" de cometer "crimes definidos e puníveis sob a lei internacional". A comunidade internacional exige que "sejam tomadas medidas decisivas" que "salvem" a solução de dois estados e começa a pedir que apoiem a resolução no Conselho de Segurança da ONU que põe fim à ocupação em novembro de 2016 e veta produtos que procedam das colônias.
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