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Mais de 12 bilhões de reais para os palestinos

Comunidade internacional oferece ajuda para a reconstrução de Gaza, mas pede um acordo que acabe com o conflito. Kerry pede um novo impulso para conseguir a paz

O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, e a responsável de Política Exterior da UE, Catherine Ashton, na conferência de doadores para Gaza, no Cairo.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, e a responsável de Política Exterior da UE, Catherine Ashton, na conferência de doadores para Gaza, no Cairo.Mohamed Abd El Ghany (Reuters)

A comunidade internacional se comprometeu no domingo a desembolsar 4,3 bilhões de euros (13,2 bilhões de reais) em ajuda para os palestinos. A metade desse dinheiro será destinada para reconstruir a Faixa de Gaza após a ofensiva israelense que a devastou em 2014, segundo detalhou Borge Brende, ministro dos Assuntos Exteriores da Noruega, país que, com o Egito, organizou o encontro. A promessa foi formulada em uma conferência internacional realizada no Cairo, da qual participaram delegações de dezenas de países e organizações internacionais. Os participantes da reunião, dentre os quais se destacam o secretário de Estados dos EUA, John Kerry, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, e a responsável pela diplomacia europeia, Catherine Ashton, frisaram a necessidade de conseguir um acordo de paz definitivo entre palestinos e israelenses. “Essa deve ser a última conferência. Já basta”, colocou Ban Ki-moon, relembrando que é o terceiro encontro dessa natureza dedicado a Gaza realizado nos últimos seis anos.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmud Abbas, pediu em seu discurso na conferência 3,2 bilhões de euros (9,8 bilhões de reais), a quantidade necessária, segundo suas estimativas, para reconstruir a Faixa de Gaza. Os doadores não precisam detalhar o destino concreto dos 4,3 bilhões de euros (13,2 bilhões de reais) oferecidos; somente colocaram que 316 milhões de euros (970,8 milhões de reais) serão dedicados para a ajuda humanitária urgente. Os países árabes e, concretamente, as petro-monarquias do Golfo Pérsico, são os que anunciaram as contribuições mais generosas. O Catar, por exemplo, doará 790 milhões de euros (2,42 bilhões de reais) e a Arábia Saudita, 400 milhões de euros (1,22 bilhões de reais).

Os EUA farão uma contribuição adicional de 212 milhões de dólares (515 milhões de reais) durante os próximos três anos – que somam-se aos 240 milhões de dólares (583 milhões de reais) que havia prometido ao acabar a ofensiva. Enquanto isso, as doações da União Europeia aumentarão para 450 milhões de euros (1,38 bilhões de reais). Essa cifra inclui a ajuda enviada diretamente de Bruxelas e o que cada Estado membro contribuirá. O Governo espanhol contribuirá com 36 milhões de euros (110 milhões de reais), dos quais 18 milhões de euros (55 milhões de reais) serão para a reconstrução da Faixa de Gaza, disse o secretário de Estado para a Cooperação, Jesús Gracia, que presidiu a delegação espanhola. “A Palestina tem sido sempre uma prioridade para a cooperação espanhola”, afirmou Gracia em uma entrevista coletiva na qual informou que uma boa parte desses fundos serão dedicados para reativar a economia de Gaza, especialmente a agrícola.

Mas além das cifras das ajudas, todos os mandatários insistiram na necessidade de conseguir um acordo político que ponha fim no conflito mais longo do Oriente Médio. Sua receita não é nova e se baseia na criação de dois Estados contíguos e viáveis, um objetivo que se mostrou difícil durante mais de duas décadas de negociações infrutíferas. “Dessa conferência não deve sair somente dinheiro mas um compromisso renovado de todos no trabalho para a paz”, afirmou John Kerry, principal impulsor da última rodada de conversações de paz entre os líderes palestinos e israelenses que fracassou em abril. Kerry pediu urgência para ambas as partes para retomar o diálogo e assegurou que tanto o presidente Obama como ele mesmo farão todo o possível para conseguir esse propósito.

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O presidente egípcio, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, se expressou em termos similares e propôs recuperar a chamada inciativa de paz árabe. Esse plano, apresentado pela Arábia Saudita em 2002, se baseia na criação de um Estado palestino nas fronteiras surgidas da guerra árabe-israelense de 1967. “Devemos transformar esse momento em um ponto de partida para conseguir uma paz que garanta a estabilidade”, afirmou Al-Sisi. “Não pode haver um retorno ao status quo anterior, que demonstrou ser insustentável”, acrescentou Catherine Ashton. Entre os países doadores existe uma fadiga palpável depois de Israel ter destruído boa parte da infraestrutura que eles ajudaram a financiar, e se uniram para evitar um novo ciclo de devastação, cessar-fogo e reconstrução.

Kerry pediu urgência para Israel e os palestinos para retomar as conversações de paz

De acordo com os termos do acordo de cessar-fogo permanente de 26 de agosto, Israel relaxou o estrito bloqueio que impôs a Faixa de Gaza em 2006. Durante as próximas semanas, os negociadores palestinos e israelenses devem retomar as conversações para resolver os problemas pendentes, entre eles, a interrupção completa do embargo e a construção de um porto e um aeroporto em Gaza.

Tal como solicitou para a comunidade internacional, o Governo palestino presidido por Abbas será o encarregado de coordenar as tarefas de reconstrução graças ao acordo entra as facções palestinas para formar um Executivo de unidade nacional de perfil técnico. “Após a guerra de 2009, alguns países detiveram sua assistência porque o Governo palestino estava dividido. Dessa vez, não existem desculpas”, declarou para o EL PAÍS o ministro da Agricultura palestino, Shawqi Issa. Segundo fontes palestinas, somente foram desembolsados aproximadamente 60% dos fundos prometidos até então.

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