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violência no méxico

Procuradoria acusa o prefeito de Iguala pela matança dos estudantes

O político, que estava em uma festa quando a polícia atacou os estudantes, conta com foro privilegiado

Sonia Corona
O prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua mulher.
O prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua mulher.Alejandrino Gonzalez (AP)

Passados 14 dias do massacre de estudantes na cidade mexicana de Iguala, as autoridades do Estado de Guerrero (sudoeste do México) buscam indiciar o prefeito desse município, José Luis Abarca, segundo explicou nesta quinta-feira o procurador estatal Iñaky Blanco. Prendê-lo e indiciá-lo não será fácil para a Justiça: Abarca conta com foro privilegiado que o protege de qualquer causa penal contra ele e, depois de pedir licença do cargo, desapareceu de Iguala.

“O prefeito tem foro no nível estatal. A procuradoria da Justiça não poderia detê-lo nem processá-lo criminalmente”, justificou o procurador de Guerrero sobre as razões pelas quais o prefeito não foi preso nas primeiras horas depois da matança. Blanco explicou que há uma semana a procuradoria tenta revogar o foro para poder indiciar Abarca pela omissão de suas responsabilidades.

Dois dias depois do massacre, o prefeito de Iguala disse a uma rádio mexicana que na noite de sexta-feira, 26 de setembro, enquanto a Polícia Municipal atacava os estudantes de magistério, ele se encontrava em uma festa com sua mulher e que não estava a par dos confrontos. “A Procuradoria-Geral avalia que o senhor Abarca Velázquez foi omisso em seu dever, deixando à mercê dos elementos da segurança pública os que hoje são vítimas”, afirmou o procurador. “Com suas omissões violou as garantias individuais da população.”

As autoridades de Guerrero tampouco detiveram o secretário de Segurança Pública, Felipe Flores Velázquez, encarregado das forças policiais durante a noite do massacre. O procurador explicou que nas primeiras investigações não foram encontrados motivos para prendê-lo, já que foi Flores Velázquez quem apresentou os primeiros 22 policiais acusados de participar da matança. Agora que há uma ordem de prisão contra ele, o chefe da força policial se encontra foragido.

A Procuradoria de Guerrero deteve até agora 26 policiais municipais de Iguala

A Procuradoria de Guerrero deteve até agora 26 policiais municipais de Iguala e quatro membros da organização criminosa Guerreros Unidos, que reconheceram sua participação na matança dos estudantes em cumplicidade com as autoridades policiais locais. Foi revistada também a residência do prefeito e continua em andamento a identificação dos 28 corpos encontrados em seis fossas localizadas nos arredores de Iguala. A matança resultou em 6 mortos, 25 feridos e 43 estudantes de magistério desaparecidos.

As autoridades locais pouco falam dos indícios sobre a relação do prefeito Abarca com o crime organizado em Iguala. A família do prefeito está sendo acusada de ter vínculos com o cartel dos Beltrán Leyva, que controla importantes áreas do Estado de Guerrero. Dois irmãos da mulher de Abarca, María de los Ángeles Pineda, morreram em 2009 à frente de importantes operações dessa organização criminosa e o prefeito foi acusado de assassinar três oponentes de seu partido, o da Revolução Democrática (PRD, de esquerda). Pineda tentava suceder o marido nas eleições do ano que vem e fontes do PRD asseguraram à imprensa mexicana que ela era peça-chave na tomada de decisões na prefeitura de Iguala.

O procurador Blanco explicou que, embora se conheçam versões da população sobre a relação do prefeito e sua mulher com o crime organizado, caberá às autoridades federais a investigação da existência desses vínculos. O prefeito continua sendo investigado, mas não a sua mulher, e a explicação das autoridades é que “ninguém foi até a procuradoria denunciá-la”.

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