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Eduardo Jorge, o Mujica brasileiro

Candidato do PV tem 1% das intenções de votos, mas ganhou a simpatia geral pela postura simples e a defesa de ideias polêmicas, como a legalização do aborto

Carla Jiménez
O candidato à presidência pelo PV, Eduardo Jorge.
O candidato à presidência pelo PV, Eduardo Jorge.BOSCO MARTÍN

O médico sanitarista Eduardo Jorge, que concorre à presidência pelo Partido Verde, sabe que não tem chances de vencer, pois não deve receber mais que 1% de votos, segundo as pesquisas eleitorais. Mas, entrou nesta campanha com um objetivo muito claro. Além de difundir um projeto de sustentabilidade, Jorge quer usar a sua projeção para ampliar o número de deputados eleitos pelo partido, e criar as bases para ganhar espaço nas eleições municipais de 2016. Com a leveza de quem não está comprometido com outros partidos, nem com o compromisso de chegar ao segundo turno, Jorge se destacou ao longo da campanha eleitoral por sua fala mansa e pela postura tranquila, principalmente entre os jovens. Sua posição diante de temas complexos, como a descriminalização da maconha, ou a legalização do aborto, seduziu a juventude, que compõe grande parte do seu eleitorado, segundo o instituto Datafolha. Chegou a ganhar o apelido de ‘Mujica’ brasileiro, sendo comparado com o presidente uruguaio, José Mujica.

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Mas o candidato ganhou a simpatia geral dos brasileiros em suas exposições durante os debates, onde colocou questões provocativas com calma e uma pitada de humor. Ao contrário dos políticos que não desperdiçam um segundo sequer quando estão sob os holofotes, Jorge se absteve de falar quando não via necessidade. Durante um debate no SBT, em que lhe foi solicitado um comentário sobre as legendas pequenas que fazem dobradinha com candidatos maiores, Jorge saiu-se pela tangente. A pergunta era dirigida a Levy Fidelix, que concorre a cargos eletivos desde 1986 sem nunca se eleger, e é sustentado pelo dinheiro público do fundo partidário. Na sua vez de falar, o candidato do PV e se limitou a dizer com toda a serenidade que lhe é peculiar: “Não tenho nada a ver com isso”, disse ele apressadamente, que esteve no PT por 20 anos, e foi secretário de Saúde do tucano José Serra, e do ex-prefeito, Gilberto Kassab (atual PSD).

O comentário arrancou gargalhadas dos presentes, por sair das falas ensaiadas dos políticos em campanha. Em outro debate, perguntava a Marina Silva sobre a dívida brasileira e soltou uma das suas pérolas. “Se a dívida for auditada, ela vai sair magrinha que nem você”, disse ele.

Jorge virou campeão dos citações e memes nas redes sociais, que destacavam suas falas divertidas, e por vezes, corajosas. Coube a ele dizer a Levy Fidelix no último debate antes da eleição que ele deveria pedir desculpas ao país por ter falado de maneira desrespeitosa sobre a comunidade gay. “Você envergonhou o Brasil”, disse ele ao vivo, para a fúria de Levy, e deleite dos telespectadores.

Jorge tem ainda no currículo uma atuação importante para aprovar o Sistema único de saúde, que garante atendimento médico gratuito para qualquer brasileiro (ainda que os hospitais públicos sejam arcaicos) e para a criação da lei dos remédios genéricos, que permitiram quebrar a patente de medicamentos caros, barateando o acesso para os mais pobres.

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