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A onda Marina Silva começa a diminuir e Dilma ganha novo fôlego

Um levantamento do Instituto Datafolha mostra que a atual presidenta e a candidata socialista estão com quase a mesma quantia de votos

Marina Silva e Beto Albuquerque durante ato de campanha em São Paulo nesta quarta.
Marina Silva e Beto Albuquerque durante ato de campanha em São Paulo nesta quarta.Andre Penner (AP)

A 25 dias das eleições presidenciais, uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira pelo instituto Datafolha mostra que a presidenta Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, ganhou fôlego na disputa e voltou a empatar tecnicamente no segundo turno com a ex-senadora Marina Silva (PSB), que perdeu um pouco de força. A petista tem 43% das intenções de votos e a socialista, 47%. É o mesmo cenário do levantamento de 18 de agosto, o primeiro feito após a oficialização da candidatura de Marina. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, as duas concorrentes estariam empatadas novamente. Na semana retrasada, a diferença entre elas era de dez pontos percentuais e, na passada, caiu para sete.

Conforme o levantamento do Datafolha, se as eleições fossem hoje, as duas candidatas iriam para o segundo turno deixando para trás Aécio Neves, o candidato do PSDB que já foi segundo colocado, mas que vê sua campanha se desidratar a cada dia. Se as eleições fossem hoje, Rousseff teria 36% dos votos no primeiro turno e Marina, 33%. Ou seja, também estariam tecnicamente empatadas. Já o tucano atingiria os 15%. No levantamento anterior do Datafolha, divulgado no dia 3 de setembro, Dilma e Marina também iriam para a segunda etapa. A diferença entre elas, porém, era de apenas um ponto percentual: 35% para a atual presidenta e 34% para a ex-senadora.

A melhora da candidata da situação aparenta ter relação com as idas e vindas de sua oponente, que voltou atrás em propostas que já tinha apresentado, e com a sua campanha eleitoral no rádio e na TV. Nos últimos dias, Dilma centrou forças em atacar a sua principal adversária e em tentar parecer ser uma pessoa que combate a corrupção diretamente. Em um dos programas exibidos nesta semana, por exemplo, Dilma elencou uma série de ações que ela diz ter tomado para combater atos ilícitos praticados em sua gestão, como alterações legislativas e operações da Polícia Federal. “Precisamos ter a coragem de enfrentar as dores do nascimento de um novo Brasil. É isso que estamos fazendo doa a quem doer. É assim que vou continuar trabalhando porque tenho as mãos limpas e exijo de todos o mesmo respeito com o dinheiro público”, disse.

Além de apresentar suas propostas, Dilma tem usado o seu programa para se defender de acusações de corrupção na Petrobras. Nesta semana, seu governo voltou a ser alvo de críticas depois que a revista Veja denunciou que um ex-diretor da petroleira revelou como funcionava um suposto esquema de pagamento de propina para dezenas de políticos da base governista, entre eles um ministro, deputados, governadores e senadores.

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Agora, se a estratégia de Dilma tem dado certo, o mesmo não tem funcionado para Aécio. Ao mesmo tempo em que critica o atual governo, ele tem dito que a escolha por Marina é algo inseguro. Nos últimos dias, o tucano viajou para Estados onde os candidatos de seu partido aos governos estão mais bem avaliados na expectativa de angariar mais votos. Em São Paulo, Estado mais rico do país que é governador pelo PSDB há 20 anos, Marina Silva é a que tem mais votos. Mas o atual Geraldo Alckmin é quem liderou os últimos levantamentos. Na última semana, Aécio participou de dois eventos ao lado de Alckmin.

A oscilação de Marina nas pesquisas já era esperada internamente pelo PSB. Levantamentos internos feitos pela legenda mostraram que ela deixaria de crescer ou cresceria em um ritmo menor. A ex-senadora era candidata a vice na chapa de Eduardo Campos. Ela assumiu a candidatura principal após 13 de agosto, quando ele morreu em um acidente aéreo no litoral paulista. Desde então, só tem visto tinha visto suas intenções de voto crescer. Os analistas apontam que isso ocorreu principalmente por três razões: 1) um recall de sua última campanha presidencial, quando concorreu pelo PV e teve 19 milhões de votos; 2) a comoção em torno da morte de seu correligionário e; 3) a identificação de que ela seria uma terceira via entre a polarização PT-PSDB que domina a política nacional há pelo menos duas décadas.

“Hoje, vejo esse quadro já cristalizado. A disputa no segundo turno deve ser mesmo entre a atual presidenta Dilma e a ex-senadora Marina, que soube se aproveitar da insatisfação da população nos protestos de junho do ano passado”, afirmou o cientista político Fernando Azevedo, professor da Universidade Federal de São Carlos.

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