A fé evangélica de Marina Silva gera dúvidas sobre sua candidatura
O perfil religioso da provável sucessora de Eduardo Campos levanta suspeitas sobre sua postura em relação às leis sociais
É grande a expectativa geral em relação à candidatura de Marina Silva, já apontada como a substituta do Partido Socialista Brasileiro (PSB) nas eleições de outubro à presidência do Brasil depois da morte do candidato Eduardo Campos. E, especialmente, sobre a linha de conduta que guiará sua campanha no PSB a partir de agora. De maneira particular, é o fato de ser evangélica o que mais agita os que temem que ela possa assumir posturas conservadoras sobre temas sensíveis como o aborto, os homossexuais e as próprias relações entre religião e Governo.
“Marina é uma pessoa evangélica que é política. Não uma política evangélica, nos moldes dos integrantes da bancada evangélica. Ela não é um Marcos Feliciano”, esclareceu ao EL PAÍS em São Paulo Cláudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas, usando de exemplo o pastor e deputado federal famoso por suas declarações conservadoras e frequentemente polêmicas.
Além disso, a nova agenda política de Marina Silva vai lhe exigir um esforço especial, que transcende a política: superar seu medo de avião.
Campos morreu num desastre de avião na última quarta-feira junto com quatro assessores de sua campanha presidencial ao se deslocar do Rio de Janeiro a Santos em um dia de más condições climáticas. Silva, que poderia ter viajado no mesmo avião particular, destinado a levar Campos e sua equipe aos compromissos laborais que tinham em Santos, terminou optando por um voo comercial a São Paulo, onde faria algumas reuniões de campanha.
Sobre essa decisão que a salvou da morte, a candidata se limitou a afirmar que “foi providência divina”, durante sua viagem a Recife, onde Eduardo Campos foi velado em uma cerimônia pública neste domingo. “Existe uma providência divina formada em relação a mim, à Renata e ao Miguel [filho de Campos], mistérios que nós não compreendemos, nem em relação aos que ficaram e nem em relação aos que foram. São mistérios”, disse a uma repórter do jornal O Globo, presente no mesmo voo.
Vestida de preto e reservada, Marina voou para o Recife na companhia de membros do seu comitê, do marido e de três de seus quatro filhos, acompanhada também de uma série de leituras que lhe permitem esquecer seu temor aéreo. “Quando viajo, levo vários livros dentro da minha bolsa marrom, porque eu tenho medo de avião, de muito tempo. Então eu vou lendo o livro, a Bíblia, lendo coisas, é sempre assim. Se balançar, eu não consigo dormir”, confessou à repórter.
Visivelmente abalada pelos acontecimentos recentes e evitando dar opiniões políticas publicamente, em respeito à dor da família de Eduardo Campos e às decisões do PSB que antecedem sua oficialização como candidata à presidência, Marina se calou nos últimos cinco dias. Seu silêncio contribui para que inúmeras versões sobre seu futuro e o futuro político do país proliferem. Só uma coisa, por hora, parece segura: Marina Silva tem cada vez mais medo de avião.
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