Corpo de Campos é velado em meio a comoção e vaias a presidenta Dilma
Militantes aproveitam para distribuir material de campanha ao público Espera para tocar o caixão, velado em Recife neste domingo, chega a duas horas
O corpo do presidenciável Eduardo Campos e de duas das outras seis vítimas do acidente de avião ocorrido em Santos na última quarta-feira chegou a Recife por volta das 2h deste domingo e foi recebido na Base Aérea local pela viúva do ex-governador, Renata Campos, e seus cinco filhos. Em meio a uma forte comoção do público, o cortejo com os caixões seguiu por 11 bairros da cidade em um caminhão aberto do Corpo de Bombeiros. Ao chegar ao Palácio do Campo das Princesas, a sede do governo, foi recebido por autoridades locais e pela ex-senadora Marina Silva, que substituirá o político na disputa presidencial.
Entre os presentes neste domingo, estava a presidenta Dilma Rousseff (PT), que foi vaiada pelo público assim que chegou ao velório, a exemplo do que aconteceu na abertura da Copa do Mundo. Quando a petista apareceu nos telões, um grupo iniciou os gritos de hostilidade, que duraram pouco menos de um minuto. Pouco depois das vaias, outras pessoas aplaudiram e alguns gritaram a palavra "justiça". Militantes do PSB, o partido de Campos, puxaram o coro: "Eduardo guerreiro, do povo brasileiro". Na sequência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem Campos foi ministro, apareceu no local e cumprimentou os familiares e amigos que se encontravam ao redor do caixão. Ambos chegaram na manhã de hoje à capital pernambucana.
Senadores, governadores, deputados e prefeitos de vários municípios já passaram pelo velório. Desde a madrugada ocorreram também manifestações artísticas em homenagem ao ex-governador com blocos de maracatu e corais religiosos. O caixão de Campos está coberto por três bandeiras, a do Brasil, a de seu Estado e a de seu partido, o PSB. Ao lado, estão os caixões com os corpos do assessor de imprensa dele, Carlos Percol, e de seu fotógrafo, Alexandre Severo, que estavam na mesma aeronave.
Os admiradores do ex-governador esperam até duas horas para prestarem a última homenagem ao político. Segundo a Polícia Militar, ao menos cinco quadras no entorno do velório foram tomadas por pessoas. No local, era possível tocá-lo. O velório aberto foi um pedido da própria família do político, para que a população pudesse se aproximar. "Não tem como não admirar esse homem. São poucas as vezes em que podemos conviver com alguém tão sério, honesto e amigo", afirmou o cobrador de ônibus Marcos Silva, que permanecia desde as 6h na praça em frente ao velório, acompanhando as homenagens. Desde as 2h40 deste domingo, milhares de pessoas passaram pelo caixão onde estão os restos mortais do político.
Campos, ex-governador de Pernambuco por duas vezes, chegou a ser o Governador mais bem avaliado do país, segundo uma pesquisa Datafolha de 2010. Ele tinha 80% de aprovação.
O governo local estima que cerca de 100.000 pessoas passarão pelo velório. Segundo o PSB, 500 ônibus fretados vieram do interior do Estado ao Recife. Um grupo de militantes aproveitou a multidão para distribuir bandeiras de Pernambuco, do PSB, e da campanha presidencial de Eduardo e Marina aos que entravam na fila. Os filhos de Campos estavam com camisetas amarelas com os dizeres: "Não vamos desistir do Brasil", uma das últimas frases ditas pelo político durante uma entrevista na véspera de sua morte.
O sepultamento está programado para acontecer às 18h deste domingo, no cemitério Santo Amaro, onde estão enterrados os restos mortais do também ex-governador Miguel Arraes, avô e mentor político de Campos.
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