_
_
_
_

Aprendizes de sereia

Susana Seuma, apaixonada por mergulho, que ficou três anos sem poder nadar por conta de um acidente, agora ensina seus alunos a se mover no mar como seres mitológicos

Susana, no centro, durante uma aula.Vídeo: J. L. S./ SIRENAS M. A.

Os banhistas mais antigos de Cala Romana, em Tarragona, ainda se lembram dos anos nos quais as batinas inundavam a chamada praia dos Capelães. A enseada foi até os anos sessenta o balneário favorito de padres e seminaristas da região. Hoje, é mais fácil encontrar em suas orlas um grupo de pessoas com cauda de peixe. Se arrastam de costas, entrando no mar com uma mulher de cauda verde e amarela como líder. Dão meia volta e começam a nadar. Durante a próxima hora, aprenderão a se mover na água como seres mitológicos. Para isso pagaram 49 euros (150 reais), para serem alunos da primeira academia de sereias da Europa.

“A Susana adora o mar. Um dia, observando a sala cheia de suas fotos de mergulho, me ocorreu abrir uma escola de sereias e propus para ela”, conta Alejandro Rodríguez, de 40 anos. Havia visto algo parecido nas Filipinas. Sua mulher, Susana Seuma, adorou a ideia. Ficou três anos sem poder nadar por conta de um acidente de trânsito e, após operar pela segunda vez no ano passado, estava pronta para voltar ao mar. Assim nasceu a Sirenas Mediterranean Academy, que funciona desde julho com cinco monitores.

A classe começa com as explicações de Seuma, de 40 anos, sobre como serão afetados pelas condições meteorológicas do dia. Uma chuva fina ameaça arruinar a lição. Então fazem os exercícios de aquecimento e colocam o traje de lycra e as nadadeiras. Uma vez no mar, encenam uma saudação ao sol. O tempo entra na brincadeira e, minutos depois, o céu brilha sem nuvens.

O mais difícil é aprender a canalizar a propulsão da cauda com o resto do corpo

“Gosto das sereias desde que vi o filme da Disney e Splash”, confessa Monica Pradillo, de 28 anos. Após seguidos fracassos durante sua infância em encher a banheira até fazer crescer uma cauda de peixe – uma das vezes acabou inundando a casa do seu pai –, Alexis Bourgault, seu marido há duas semanas, tinha claro qual seria o presente de casamento. “Ela já havia nadado com golfinhos em Miami, mas nunca havia feito isso. Era seu sonho e, mesmo sendo um pouco maluco, deveria torná-lo realidade”, assegura. A pequena sereia de Hans Christian Andersen estava disposta a deixar seu mundo e sofrer dores atrozes cada vez que suas pernas pisassem o solo para estar próxima ao príncipe de quem gostava. Por amor, também, esse francês de 27 calçou um traje turquesa e se deixou fotografar vestido de tritão, que ele próprio colocará no Facebook para deleite de seus amigos. “Até deixei crescer a barba”.

Depois da academia aparecer em um programa de televisão, a primeira onda de clientes de 20 a 30 anos foi substituída por uma enxurrada de pais com crianças pequenas interessados nas aulas. Alguns deverão esperar alguns anos, pois só aceitam maiores de oito. É necessário um mínimo de quatro alunos para a aula, que dura 90 minutos e custa 39 euros (119 reais) para os principiantes. Esses dão suas primeiras braçadas em uma piscina. Os de nível avançado pagam 10 euros (30 reais) a mais e têm a aula no mar. “O mais difícil é aprender a canalizar a propulsão da cauda ao resto do corpo. Nem todos conseguem, mas tampouco peço para que façam esforço, somente se divirtam”, explica Seuma.

Seuma e Rodríguez querem que a academia sirva para unir “educação sobre o mar, mitologia e saúde”. Por isso, não está em seus planos sair da histórica Tarragona. No momento, estudam continuar com o “mundo mágico das sereias” durante o inverno em piscinas climatizadas.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_