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As FARC garantem que “sonham com uma paz efetiva”

Nas negociações com a guerrilha, que completa 50 anos, ainda falta discutir temas tão cruciais como a reparação às vítimas

Iván Márquez durante a celebração do 50 aniversário das FARC.
Iván Márquez durante a celebração do 50 aniversário das FARC.A. Ernesto (EFE)

As FARC, a guerrilha comunista mais antiga de América Latina, completou meio século em meio a um processo de paz que, se chegar a bom termo, poderia desembocar na possibilidade de fazer política sem as armas. As negociações marcaram o primeiro turno das eleições presidenciais, no qual o candidato oposicionista, o uribista Óscar Iván Zuluaga, venceu o presidente Juan Manuel Santos. Zuluaga garantiu que, caso vença o segundo turno, no próximo dia 15 de junho, suspenderia imediatamente as conversações até que a guerrilha cesse toda “ação criminosa”.

Até agora as FARC não se pronunciaram sobre os resultados eleitorais, nos quais 30% dos colombianos apoiam o candidato do uribismo e 60% se abstiveram de votar. “Não vamos responder às insinuações de Zuluaga”, disse na terça-feira Iván Márquez, chefe da delegação das FARC que negocia em Havana desde 2012.

Mas o principal líder da guerrilha, Rodrigo Londoño Echeverry, conhecido como Timochenko, respondeu. Em um vídeo de 26 minutos, gravado nas montanhas, mesmo que se desconheça se antes ou depois da divulgação dos resultados eleitorais, defendeu a luta armada durante 50 anos e garantiu que estão negociando o fim do conflito armado não porque se considerem derrotados, mas porque sonham com “uma paz efetiva”. Além disso, 'Timochenko' criticou que um setor do país queira a rendição e a submissão da guerrilha. “Sabemos bem que a única coisa que a oligarquia espera de nós é uma entrega humilhante… Mas na mesa de negociações há duas partes e nossas aspirações são completamente diferentes”, disse o chefe guerrilheiro, vestido com uniforme militar.

Em sua mensagem, o número um das FARC assegurou que estão negociando em Havana porque consideram que é o momento para firmar a paz. “Estamos lá porque entendemos que, acima da soberba e da imponência governamentais, nada está definido na luta de classes e de interesses em disputa em nossa pátria”, disse. Ademais, acreditam que se produza um “verdadeiro movimento de massas pela paz” no país.

No passado foram realizadas três tentativas fracassadas de terminar com o conflito, mas desta vez os analistas concordam que houve avanços como nunca aconteceu antes já que se chegaram a acordos em três dos cinco temas que compõem a agenda de negociação: o desenvolvimento rural, a participação política e a solução do problema do narcotráfico. Ainda devem ser discutidos temas tão cruciais e espinhosos como a reparação às vítimas e a maneira como se faria a desmobilização.

Timochenko também criticou com veemência o que considera um duplo discurso do presidente Santos que, por um lado defende a saída negociada do conflito, e por outro continua a ofensiva militar. “Ao insistir na campanha para a reeleição, o presidente Santos acusava seus fanáticos oponentes de ultradireita de querer assassinar as esperanças de paz do povo colombiano, como se todos os dias não estivesse mandando intensificar as operações militares e os bombardeios”, afirmou.

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