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O rock do perdão

Sete anos depois de uma briga, o Ira! se apresenta novamente, e para um público de milhares de pessoas, na Virada Cultural de São Paulo

Marina Rossi
Edgard Scandurra (à esq.) e Nasi, na Virada Cultural.
Edgard Scandurra (à esq.) e Nasi, na Virada Cultural.Folhapress

Sete anos depois de uma briga pública, que durou cinco anos e envolveu ações na Justiça entre o vocalista Nasi, de 52 anos, e seu irmão e empresário da banda, Airton Valadão Junior, o Ira! subiu ao palco novamente para uma apresentação, que fez parte das programações da 10ª Virada Cultural, em São Paulo.

O show, que reuniu milhares de pessoas no palco Júlio Prestes, em frente à Estação da Luz, na noite deste sábado, lembrou os velhos tempos da banda criada em 1981, que já gravou 15 discos e cujo nome foi inspirado nas siglas do Exército Republicano Irlandês.

Marcada para começar às 18h, a apresentação atrasou apenas 10 minutos e durou exatamente uma hora e meia, tempo em que 22 músicas foram tocadas, entre os clássicos Vejo Flores em Você, Envelheço na Cidade, Longe de Tudo, Gritos na Multidão e O Girassol, que empolgaram a multidão, formada principalmente por jovens, a segunda geração do Ira!.

“É muito bom poder voltar à ativa e isso é consequência do amor de vocês”, disse Nasi, ao começar o show, que fez parte de uma programação de 24 horas de apresentações de músicas, teatros, filmes, dança, totalmente gratuitos em São Paulo. A Virada Cultural, que começa na tarde do sábado e acaba somente na tarde do domingo, atrai milhares de pessoas ao centro da cidade todos os anos e, embora esbarre com problemas relacionados à violência, como assaltos e brigas, é feita de uma programação eclética, que reúne famílias, jovens, adolescentes e crianças.

O show do Ira! foi uma das apresentações mais esperadas da noite e transcorreu sem nenhum problema, aparentemente. Nasi, visivelmente mais gordo, se mostrou afinado com o público e com os integrantes da banda. Arriscaram cantar uma nova música, ABCD, que foi bem recebida pelo público. Já entre os hits, Pobre Paulista fez falta para uma plateia de gente de diversos lugares do país.

Ainda no início do show, Nasi falou que cantaria uma música que falava do vício em drogas. E mencionou os viciados em crack, que vivem na região da cracolândia, situada ao lado do palco: “Que o governo trate essas pessoas como doentes que são e com amor. Eles precisam de cuidados médicos”, disse, antes de cantar Flerte Fatal, cuja letra diz: “Muita gente já ultrapassou a linha entre o prazer e a dependência / E a loucura que faz o cara dar um tiro na cabeça quando chega além... esse flerte é um flerte fatal”.

Durante a apresentação, Nasi agradeceu várias vezes ao público, que recebeu a banda calorosamente. Chegou a brincar com a quantidade de fotos que a plateia, em sua maioria feita por jovens conectados a um smartphone, fazia: “Caprichem na foto!”, disse, enquanto posava para as pessoas.

Ao final do show, mais uma vez, o vocalista agradeceu ao público. Pobres paulistas, que ficaram cinco anos sem uma das maiores bandas de rock brasileiras contemporâneas. “Obrigado por estarem aqui na nossa volta! Nós somos o Ira!”.

Brigas

Em agosto de 2007, o pai de Nasi entrou com um pedido de interdição para o filho, por causa de seus problemas com drogas. Na época, o programa Fantástico, da TV Globo, fez uma entrevista com o vocalista, que disse que o irmão era o mandante da ação do pai. “Eu encaro isso como uma violência”, disse ao programa. “Isso foi orquestrado pelo meu irmão".

As brigas levaram ao fim do Ira! em 2007. Mas em 2012 os integrantes da banda e o empresário anunciaram que haviam se reconciliado, embora não tenham voltado aos palcos na época.

Em outubro de 2013, a banda fez uma apresentação em um show beneficente em São Paulo. E em março deste ano, o Ira! anunciou que estava retomando os ensaios, para se preparar para uma série de apresentações, dentre elas, a da Virada Cultural deste sábado.

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