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A diretora do ‘Le Monde’ se demite após enfrentar um embate com a redação

Natalie Nougayrède estava há um ano e dois meses na direção do diário

A jornalista Natalie Nougayrède.
A jornalista Natalie Nougayrède.MIGUEL MEDINA (AFP)

A diretora de Le Monde, Natalie Nougayrède, anunciou nesta quarta-feira que está abandonando as suas funções à frente do emblemático diário francês, um ano e dois meses depois de ter sido eleita pela redação com 80% dos votos favoráveis. A demissão da jornalista ocorre depois de várias semanas de embate com seus redatores chefes, o que resultou na renúncia simultânea na semana passada de sete dos 11 chefes do diário. Em um e-mail enviado aos redatores, Nougayrède explicou que comunicava aos acionistas sua decisão de abandonar a direção do jornal porque já não dispõe dos “meios de assegurar a continuidade do projeto com plenitude e serenidade”.

Nougayrède (Dijon, 1966) se reuniu na terça-feira com os três acionistas do Le Monde, Pierre Bergé, Matthieu Pigasse e Xavier Niel, que devem se encontrar nesta quarta-feira com o Comitê da Redação e na quinta-feira com a redação toda para iniciar o longo processo de seleção, eleição e votação do novo diretor.

O trabalho da diretora, que substituiu Érik Izraelewicz no dia 1 de março de 2013 depois dele ter morrido de um infarte sofrido na redação no dia 27 de novembro de 2012, era questionado por um relatório de uma empresa independente, especializada na prevenção de riscos profissionais e Telefonia e Tecnologia. O estudo acusava a direção de não dar respostas claras e agregava que a organização estava “sem fôlego”.

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Nos últimos dias, diversos jornalistas do Le Monde denunciaram publicamente uma deriva neoliberal da linha editorial e informativa do diário. Muitos questionavam, além disso, o plano de mobilidade interna que aspirava a mudar de seção a mais de 50 jornalistas para reforçar a estrutura digital do diário.

A já ex-responsável pelo jornal, uma experiente correspondente diplomática e repórter especializada em Rússia e Europa do Leste sem experiência no gerenciamento de equipes, tentou reduzir a tensão suspendendo seus dois diretores adjuntos, Vincent Giret e Michel Guerrin, mas suas tentativas posteriores de formar uma nova equipe fracassaram porque, segundo informou o Libération, ao menos sete candidatos se recusaram a fazer parte dela.

Segundo afirmou Nougayrède em seu e-mail aos redatores, “alguns membros do Le Monde querem reduzir drasticamente as prerrogativas do diretor”, e isto é “incompatível” com a sua continuidade. A diretora, que foi a primeira mulher a ocupar esse cargo nos 70 anos de história do Le Monde, reconhece que “os ataques diretos e pessoais” recebidos a impediam de “começar o plano de transformação” que ela mesma propunha aos acionistas “atendendo ao melhor interesse do jornal”. Nougayrède afirma que esse plano requer “um acordo amplo das redações”, mas admite que “não deram os elementos de confiança e razão”.

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