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Sem o Canal+, o PRISA obtém quase 70% do seu faturamento fora da Espanha

A publicidade digital cresce 6,9% e já significa 29% do total na unidade de imprensa O grupo teve prejuízo de 145 milhões de reais no primeiro trimestre, por causa do Canal+ e das taxas de câmbio

Juan Luis Cebrián, na reunião dos acionistas de 2012.
Juan Luis Cebrián, na reunião dos acionistas de 2012.ULY MARTÍN

A venda do Canal+ causará uma reviravolta na distribuição regional de faturamento do grupo PRISA (que edita o EL PAÍS). O valor procedente de fora da Espanha significa 69% do total de faturamento do grupo quando se desconta a TV paga, atividade para a qual a Telefónica apresentou uma oferta de compra que foi aceita pelo PRISA. Desse total sem o Canal+, 57% correspondem à América Latina, 12% a Portugal e 31% à Espanha.

O grupo apresentou hoje os resultados do primeiro trimestre, afetados por alguns elementos extraordinários e pela depreciação cambial na América Latina. Os resultados operacionais caíram 7,5%, ficando em 628 milhões de euros (1,9 bilhão de reais), mas, nos resultados ajustados para os fatores extraordinários, a taxas de câmbio constantes e sem contar o Canal+, o valor seria 0,1% maior. O resultado operacional bruto caiu 50%, mas, com todos os ajustes, melhora 10%. O resultado líquido do trimestre foi de um prejuízo de 48 milhões de euros (145,4 milhões de reais), frente a 12 milhões de euros negativos no primeiro trimestre de 2013.

Em nota, o PRISA explica que o ambiente econômico na Espanha e em Portugal continua melhorando, mas que o reflexo disso na publicidade ainda é frágil. Na Espanha, o faturamento publicitário do grupo caiu 5,9% no primeiro trimestre (10,6% nos meios impressos e 2,9% em rádio), ao passo que em Portugal cresceu 3,1%.

Enquanto isso, as atividades na América Latina mostram crescimentos muito sólidos em moeda local, mas com impacto negativo da taxa de câmbio, sobretudo por causa do Brasil, Argentina e Venezuela. Esse impacto alcança os 40 milhões de euros no faturamento do primeiro trimestre, ou 16 milhões sob o prisma do resultado operacional bruto (EBITDA). Do faturamento atual do grupo, 30,3% provêm da região, mas isso chega a 69% quando é descontado o resultado do Canal+, que está em processo de venda.

Desenvolvimento digital e controle de custos

O grupo destaca que segue avançando no desenvolvimento digital. A publicidade digital crescerá 6,9% e, na unidade de imprensa, ela já representa 29% do faturamento publicitário. O número médio de usuários únicos nos sites do PRISA cresceu 16,6%, alcançando mais de 90 milhões. Os sistemas de Educação Digital continuam se desenvolvendo no Brasil, México e Colômbia, ampliando o número de escolas e alunos em que estão presentes.

Além disso, prossegue o esforço na redução de gastos e no controle dos investimentos operacionais, que caem ao mínimo para canalizar recursos para as áreas de crescimento, principalmente a Santillana. Os custos ajustados com pessoal tiveram uma redução de 11 milhões de euros (-8,3%).

O grupo continua focado na execução do plano de refinanciamento. Vendeu sua unidade de Edições Gerais e uma participação de 3,69% na Mediaset Espanha, além de aceitar a oferta da Telefónica pelos 56% de participação do PRISA no Canal+. Os recursos da venda da participação na Mediaset se destinarão à recompra de dívida no mercado secundário. A dívida líquida do grupo se situava em 31 de março deste ano em 3,34 bilhões de euros (10,12 bilhões de reais).

Evolução por unidades

Na unidade de Imprensa, o faturamento publicitário em papel caiu 17,7%, ao passo que o faturamento por publicidade digital cresceu 13,6% e já representa 29% do total de ganhos publicitários da divisão. No Ás, o faturamento publicitário digital já representa mais de 50% do total. O faturamento por circulação, por outro lado, teve queda de 15,6%, enquanto cresceram com força outras fontes de renda, principalmente as promoções. O EBITDA ajustado da unidade de imprensa foi de 2,8 milhões de euros (8,48 milhões de reais, ou 13,7% a menos do que no primeiro trimestre de 2013).

Quanto às outras unidades, o EBITDA da Santillana caiu 2,6% em moeda local e 26,3% em euros, por causa do impacto negativo de 34,8 milhões euros (105,4 milhões de reais) no faturamento em decorrência da taxa de câmbio. As vendas de livros didáticos na Espanha ocorrem principalmente no segundo e terceiro trimestres. O EBITDA ajustado da unidade Rádio alcançou 5,62 milhões de euros (17 milhões de reais, alta de 64,2%), com queda de 2,9% na publicidade na Espanha, mas crescimento em moeda local em todos os países da América Latina.

No grupo português Media Capital, o faturamento publicitário cresceu 5,3%, ao passo que os gastos operacionais tiveram queda de 4,4%, com o que o EBITDA ajustado subiu 42,5%, ficando em 5,64 milhões (17,08 milhões de reais). O Canal+ mantém sua liderança no mercado, com uma cota de 43,2%, e a base de assinantes por satélite teve um aumento líquido de 10.975 clientes no primeiro trimestre. O EBITDA ajustado alcança os 620.000 euros (1,88 milhão de reais), frente a 15,98 milhões de euros (48,39 milhões de reais) no primeiro trimestre de 2013.

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