_
_
_
_

A Anistia Internacional critica postura ‘hipócrita’ dos países em relação à tortura

Em vários países americanos práticas violentas são mantidas apesar das suas duras legislações

A Anistia Internacional detectou casos de tortura ou maus tratos em 141 países ao longo dos últimos cinco anos, segundo o relatório “Parar a tortura” apresentado nesta segunda-feira em Londres. O texto denuncia designadamente a atitude “hipócrita” dos governos no continente americano, onde a existência de duras legislações contra a tortura não impede que esta se siga praticando.

“Eletrochoques. Surras. Abuso sexual. Humilhação. Simulações de execuções. Queimaduras. Privação do sonho. Torturas com água. Horas e horas em posturas forçadas. O uso de pinças, drogas e cães. São palavras que por si só soam como um pesadelo. Mas a cada dia, em cada canto do mundo, estes horrores inimagináveis são algo cotidiano para inúmeros homens, mulheres e crianças”, adverte o secretário geral da organização, Salil Shetty. “A tortura é abominável. É bárbara e desumana. Nunca pode ser justificada. É um erro, é contraproducente e envenena o império da lei substituindo-a com o terror. Ninguém está a salvo com um Governo que a utiliza”, acrescenta Sherry na introdução do relatório.

No entanto, embora muitos governos a tenham proibido, continuam praticando ou tolerando sua prática, salientando que “não basta a proibição global”. Por isso, meio século após começar sua luta contra a tortura e 30 anos após conseguir sua proibição, a Anistia lançou uma nova campanha mundial para conseguir que a tortura seja efetivamente erradicada.

O relatório destaca que “em vários países das Américas, o uso da tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes é algo rotineiro e é aceito por muitos como uma resposta legítima aos altos níveis de violência criminosa”. No Brasil, 80% dos detentos temem ser torturados e no México, 64%, as cifras mais altas de um inquérito levado a cabo pela Anistia do qual participaram 21.000 pessoas em 21 países de todos os continentes. “Inclusive 32% das pessoas nos Estados Unidos e 21%, no Canadá, temem ser torturados”, destaca a Anistia.

“A tortura está presente em prisões e centros de detenção de toda a América. Em muitos países os detentos recebem surras, eletrochoques e abusos sexuais e lhes é negado o acesso a cuidados médicos”, denuncia o relatório. A tortura utiliza-se para castigar os réus e para obter “confissões” dos suspeitos de serem delinquentes e utiliza-se também contra manifestantes em países como o Brasil, México e Venezuela.

O relatório cita estudos que revelam um incremento do uso da tortura no México desde 2006, destaca a falta de investigações pelos abusos detectados na Colômbia, a tendência do Governo dos Estados Unidos a se desentender sobre os abusos na chamada guerra contra o terrorismo e as centenas de delitos cometidos no passado recente pelos regimes militares em países como Chile, El Salvador e Uruguai e que não chegaram até os tribunais.

Na Europa e na  Ásia central, a tortura continua sendo um problema nos países da antiga União Soviética e destaca que também “se documentaram” casos dentro da União Europeia. O texto destaca, no entanto, os avanços que se viveram na Turquia.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_