A polícia libera Gerry Adams sem acusações, mas envia o caso à promotoria
O presidente do partido Sinn Féin foi interrogado durante quatro dias pelo sequestro e a morte de uma mulher em 1972
A polícia da Irlanda do Norte colocou em liberdade neste domingo à tarde (horário local) e sem a apresentação de denúncias o líder do partido Sinn Féin, Gerry Adams, mas depois de quatro dias de interrogatórios enviou o caso à promotoria para que esta decida se processa Adams ou não pelo sequestro e assassinato de uma mulher, Jean McConville, pelas mãos do IRA (Exército Republicano Irlandês). Os promotores decidirão pela abertura de um processo ou o encerramento do caso em função das provas que existam contra o líder republicano, das possibilidades de que essas provas sejam suficientes para poder condená-lo e também de uma questão crítica, após a avaliação de se a abertura de um processo contra o líder republicano atende ao interesse público.
A detenção de Adams na quarta-feira passada provocou uma enorme tensão na Irlanda do Norte. Ele se apresentou de forma voluntária na delegacia de Antrim, cerca de 30 quilômetros a noroeste de Belfast, para ser interrogado sobre as denúncias de que teria ordenado o sequestro e a execução de McConville, uma viúva de 37 anos e mãe de 10 filhos acusada pelo IRA de ser informante das forças britânicas em pleno auge dos distúrbios no Ulster.
O Sinn Féin acusou de forma reiterada o Serviço de Polícia da Irlanda do Norte (PSNI, na sigla em inglês) de interrogar Adams e prolongar esse interrogatório por motivos políticos. E ameaçaram retirar o seu apoio à policia, algo que poderia afetar de forma gravíssima o processo de paz da Irlanda do Norte e, sem dúvida, paralisar as instituições de autogoverno.
O Partido Unionista do Ulster (DUP, em inglês), e também o movimento independente Partido da Aliança, acusaram o Sinn Féin de chantagear a polícia com essas acusações.
O caso evidencia as dificuldades que a Irlanda do Norte continua vivendo devido a seu turbulento passado. Gerry Adams representa ao mesmo tempo o terrorismo do IRA –organização da qual sempre se considerou um dirigente de alto escalão, ao mesmo tempo em que ele sempre negou isso- e a vontade de se desarmar e abraçar a via pacífica. O dilema é sempre entre o pragmatismo de se esquecer o passado para olhar o futuro ou seguir olhando o passado para fazer justiça àqueles que nunca a obtiveram.
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