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reforma sanitária

A chefe de Saúde dos EUA renuncia em meio a críticas pela aplicação da nova lei

A Casa Branca anunciará nesta sexta-feira a substituição de Kathleen Sebelius pela responsável pela pasta de Orçamento, Sylvia Burwell

Eva Saiz
A secretária de Saúde dos EUA, Kathleen Sebelius.
A secretária de Saúde dos EUA, Kathleen Sebelius.MICHAEL REYNOLDS (EFE)

Kathleen Sebelius, a secretária de Saúde dos Estados Unidos e a principal responsável pela execução da reforma de saúde, o principal projeto do presidente Barack Obama, deixará o cargo nesta sexta-feira. A renúncia ocorre depois de ela ter se tornado alvo de todas as críticas sobre o mau funcionamento da rede do mercado de seguros, um dos pilares da legislação sanitária. A sua substituta será Sylvia Burwell, a atual responsável pelo escritório de Orçamento e Administração.

A saída de Sebelius, de 65 anos, do gabinete ocorre após meses de especulações sobre a conveniência da apresentação de sua demissão para contra-atacar as investidas dos republicanos e o descontentamento de boa parte dos cidadãos ante as inesperadas falhas técnicas do portal de mercado de seguros –o site federal em que se ofertam apólices para facilitar o acesso a um seguro aos milhões de norte-americanos sem cobertura médica– e as demoras e a falta de coordenação no início de outras partes essenciais da reforma sanitária. A confusão, improvisação e os erros na execução da norma deram asas às críticas da oposição e puseram na defensiva muitos democratas que se mostraram reticentes a apoiar uma norma com falhas que podia comprometer os apoios em pleno ano eleitoral.

Aos problemas técnicos somaram-se os atrasos na entrada em vigor de outros eixos da norma, como a obrigação dos pequenos e médios empresários de oferecerem cobertura sanitária a seus empregados sob a ameaça de multas, algo que demorou em um ano, devido às queixas dos empregadores que denunciavam não estar suficientemente informados nem preparados para cumprir a norma, e decisões contrárias no Supremo relacionadas com a provisão que obriga as empresas a cobrir o custo de tratamentos anticonceptivos a suas funcionárias.

Embora muitos dos problemas na aplicação da reforma sanitária aprovada em 2010 não tenham ficado diretamente relacionados ao Departamento de Saúde, Sebelius assumiu a responsabilidade de todos os contratempos. “Eu sou a única que deve ser culpada pelo desastre”, reconheceu, durante uma das múltiplas audiências ante as quais teve de testemunhar no Congresso para explicar os desdobramentos da lei. Os comparecimentos da secretária tanto no Capitólio quanto nos programas de TV têm esquentado os ânimos em vez de esfriá-los.

Fontes da Casa Branca citadas pelos meios de comunicação norte-americanos asseguram que Sebelius anunciou sua demissão a Obama no início de março alegando que o melhor momento para deixar seu posto era coincidindo com o dia 31 desse mês, quando se encerrava o prazo do primeiro período de contratação de seguros. Contrariamente ao que faziam pressagiar as falhas e os problemas técnicos iniciais, finalmente 7,5 milhões de norte-americanos contrataram uma apólice, uma cifra superior à afixada pela Administração e que a própria Sebelius anunciou nesta mesma quinta-feira.

Antes de unir à equipe de Governo de Obama, Sebelius ocupou o posto de governadora do Kansas, chegando a ser designada pela revista Time como uma das melhores governadoras do país. Foi, além disso, uma das primeiras líderes democratas a apoiar a candidatura de Obama à Casa Branca. No entanto, chegou à pasta da Saúde por eliminação, uma vez que o primeiro designado, Tom Daschle decidiu renunciar após se ver envolvido em um escândalo relacionado ao pagamento de impostos.

Além de pôr em prática a reforma sanitária, ao longo dos quase seis anos em que está no Govierno Sebelius colaborou estreitamente com outros departamentos para desenvolver programas como a extensão da educação na pré-escola e a expansão do controle de antecedentes entre os compradores de armas.

Seu posto será ocupado por Burwell, uma veterana do Governo Clinton que presidiu o programa de desenvolvimento global da Fundação de Bill Gates. A Casa Branca considera que Burwell é uma boa gestora, e que tem a confiança do presidente.

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