_
_
_
_

A NSA tinha um arquivo com dados de 122 chefes de Estado

A revista alemã 'Der Spiegel' revela que o banco de dados inclui 300 relatórios sobre Angela Merkel

A chanceler Merkel nesta sexta-feira em Berlim.
A chanceler Merkel nesta sexta-feira em Berlim.Sean Gallup (Getty Images)

A poderosa Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos tinha um banco de dados ultrassecreto com as informações coletadas sobre chefes de Estado e de Governo. Em 2009, incluiu os nomes de 122 personalidades, o que significa os líderes de dois terços dos países do mundo. A agência reunia centenas de relatórios sobre cada um deles. O material sobre a chanceler alemã, Angela Merkel, inclui 300 relatórios.

Este novo capítulo do escândalo da espionagem em massa dos EUA foi revelado neste sábado pela revista alemã Der Spiegel, que teve acesso a documentos classificados como “ultrassecretos”, obtidos pelo ex-analista da NSA, Edward Snowden, agora refugiado na Rússia. A documentação revelada pela revista mostra uma relação de 12 nomes.

Uma listagem em que uma dúzia de líderes (aliados e inimigos) estão ordenados alfabeticamente pelo primeiro nome: começa com a A de Abdulá Badawi, que deixou o cargo de primeiro-ministro da Malásia em 2009, e inclui também Alán García, presidente do Peru; Álvaro Colom, da Guatemala; Álvaro Uribe, da Colômbia (700 relatórios), o palestino Abu Mazen [ligado a Mahmud Abbas], o bielorruso Aleksander Lukashenko, Angela Merkel, Abdulali Yusf, da Somália; Amadou Touré, de Mali. A letra B inclui apenas o sírio Bashar al-Assad (com 800 documentos, ele é o líder que tem o maior volume de relatórios) e a lista termina com a letra Y de Yulia Timoshenko (200 relatórios), que, em 2009, era primeira-ministra da Ucrânia e hoje é uma dirigente opositora.

Os documentos revelados pela revista editada em Hamburgo também assinalam que a fonte utilizada para alimentar o banco de dados foi o programa Marina, uma ferramenta informática que colhe metadados e permite registrar quem chamou quem, quando, onde e por quanto tempo.

“O banco de dados serve para obter informações sobre objetivos que de outra maneira seriam difíceis de conseguir”, explica a revista, que enfatiza um aspecto que pode dar início a uma nova crise diplomática entre a Alemanha e os Estados Unidos. “Os documentos demonstram que o chanceler foi um objetivo oficial de espionagem e que a NSA armazenou informações sobre ela”, afirma, e conclui que estes documentos podem ser decisivos para que a Promotoria alemã abra uma investigação contra a NSA.

A possibilidade de que a justiça alemã abra um processo contra a agência de espionagem já era discutida no começo do ano nas mais altas esferas do Governo alemão, quando o ministro de Justiça, Heiko Maas, informou o então ministro de Assuntos Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, sobre os planos da promotoria. “Temo que algo grave aconteça”, disse Maas a seu colega de Gabinete, ao revelar que a Promotoria, responsável pela luta antiterrorista e de combater a espionagem inimiga em solo alemão, decidia, depois de meses de dúvidas, investigar a NSA por ter espionado um dos celulares de Merkel. A chanceler tem um encontro previsto com o presidente Barack Obama em maio.

O próprio Obama reconheceu em dezembro que as revelações sobre os programas de vigilância da NSA causavam “um dano desnecessário à diplomacia” do país, informa Eva Saiz. Na sexta-feira foi apresentado um projeto legislativo para pôr fim ao programa de escuta em massa e indiscriminada de telefonemas.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_