O Tribunal Eleitoral ratifica a vitória da esquerda nas urnas em El Salvador
A apuração das eleições presidenciais confirma o triunfo, mas Sánchez Cerén não será presidente eleito até que se julgue o recurso da direita que pede a anulação do pleito

O presidente do Tribunal Supremo Eleitoral de El Salvador, Eugenio Chicas, tomou o microfone na madrugada da quinta-feira (horário local) e anunciou o resultado definitivo da apuração das eleições de 9 de março: o candidato da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), Salvador Sánchez Cerén, obteve 50,11% dos votos, enquanto Norman Quijano, da Aliança Republicana Nacionalista (ARENA), conseguiu 49,89%. Com isso se confirmava o triunfo da esquerda salvadorenha contra a direita no segundo e definitivo turno presidencial.
“Sim, pôde-se!”, “Sim, pôde-se!”, entoava um grupo de militantes da FMLN presente à sede do tribunal, onde foi realizada a contagem e a compilação das cédulas das mais de 10.400 urnas receptoras. Os membros da ARENA observavam com expressões de inconformismo e frustração. “Apesar de o número decorrente dar como vencedor o candidato da FMLN, não pode ser proclamado presidente eleito porque há um recurso de anulação da jornada eleitoral interposto pela ARENA”, explicou um porta-voz do tribunal que não quis ser identificado, e que também destacou que “na próxima segunda-feira isso será encerrado. Precisa-se concluir o trâmite legal”.
Os líderes da direita seguem afirmando que houve fraude eleitoral
Sem ser nomeados formalmente, Sánchez Cerén e seu colega de coalizão, o candidato à vice-presidência, Oscar Ortíz, já falavam como mandatários eleitos: “Chamamos a oposição para criar uma agenda comum para resolver os problemas mais agudos do país: a violência, a pobreza e o desemprego… Esqueçamos o passado recente da campanha eleitoral”, expressavam a seus adversários, que se mostram enfurecidos pela suposta fraude que “a FMLN teria cometido, com a cumplicidade do Tribunal Eleitoral”. A ARENA pediu a abertura de urna por urna e a contagem voto por voto, o que acabaria negado pela autoridade eleitoral, já que a lei não contempla tal processo.
Os líderes da direita ocuparam boa parte do dia na apresentação ante a Procuradoria-Geral de uma denúncia da suposta fraude, apesar de todos os observadores nacionais e internacionais e até o Departamento de Estado dos Estados Unidos terem declarado como limpas e legítimas as eleições. Não obstante, o deputado Roberto D'Aubuisson, filho do fundador da ARENA, manifestou-se de forma mais realista, ao assegurar que se os recursos legais contra a fraude falharem, “se concentrarão em se preparar melhor para as eleições regionais de 2015”.
“Estamos esperando que passe para a Arena o momento ruim da derrota”, disse a EL PAÍS o máximo dirigente da FMLN, Medardo González. “Depois vamos ter que nos sentar e entrar em acordo sobre uma agenda de trabalho, porque na política todos sabemos que não há confrontação somente por problemas de posições, senão também de interesses”, apontou o ex-líder guerrilheiro.
“Estamos esperando que passe para a ARENA o momento ruim”, afirma o máximo dirigente da FMLN
Sánchez Cerén, de 69 anos de idade, foi um dos cinco maiores chefes da guerrilha durante a guerra civil que se prolongou entre 1980 e 1992. No governo atual de Mauricio Funes serve como vice-presidente da República. Durante a guerra foi conhecido como Comandante Leonel González, chefe máximo das Forças Populares de Liberação (FPL), que em 1980 integrou a FMLN.
De fala suave, trata a todos de "você" e os que trabalharam ao seu lado reconhecem que é um líder que sabe ouvir, caracterizado pela honestidade. É por isso que alguns de seus colegas da FMLN o comparam mais com Pepe Mujica, o presidente do Uruguai, que com lideranças que assumem maior protagonismo, como Hugo Chávez; embora a FMLN seja uma aliada histórica e firme de Havana e Caracas. “Não vamos seguir nenhum modelo. Temos nossa própria realidade, na qual o que deve primar é o entendimento e a integração, não outros esquemas”, afirmou o também ex-comandante guerrilheiro José Luis Merino, um dos três maiores dirigentes da FMLN.
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