A União Europeia adota medidas mornas contra a Rússia
Bruxelas suspende a negociação de vistos e ameaça com mais sanções
A União Europeia adotou nesta quinta-feira as primeiras medidas que penalizam Moscou pela invasão da Crimeia, embora com um alcance limitado. Os chefes de Estado e de Governo suspenderam as duas principais negociações que têm abertas com a Rússia: o acordo para eliminar a exigência de vistos entre ambos os territórios e o pacto que devia englobar todas as relações políticas e econômicas entre Bruxelas e Moscou.
Trata-se de um passo adiante, embora menos ambicioso do que reclamavam os países mais beligerantes com a atitude russa e muito atrás do decidido pelos Estados Unidos, que anunciou vetos de vistos a servidores públicos e o congelamento de ativos. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, minimizou a importância da decisão de Washington, que considerou “muito geral” (ainda não há uma lista concreta). E advertiu que a UE passará diretamente às multas se as autoridades russas não dialogarem com as ucranianas “nos próximos dias”, segundo o comunicado conjunto dos líderes europeus. Essas medidas incluiriam a proibição de vistos, o congelamento de ativos e o cancelamento das cúpulas bilaterais com Moscou. Os técnicos trabalharão já nesse cenário para tê-lo pronto caso Bruxelas decida começar a ofensiva contra Moscou.
Merkel aposta em diálogo diante de uma posição mais dura de Cameron
As palavras da chanceler alemã Angela Merkel ao final da cúpula extraordinária celebrada nesta quinta-feira em Bruxelas revelam que até os mais partidários de dialogar com o presidente russo, Vladimir Putin, estão perdendo a paciência. “Desejamos um processo diplomático, mas nos últimos dias sofremos muitas decepções, por isso estamos dispostos a agir”, advertiu. A dirigente alemã encabeça o grupo de países mais partidários —junto a Áustria, Itália ou Espanha— a buscar uma saída por meio do diálogo.
No outro grupo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, empregou uma linguagem muito contundente: “Temos que agir contra a agressão, defender o direito internacional e respaldar as pessoas que querem um futuro livre e europeu”. Por motivos diferentes, a posição de Cameron aproximava-se mais à de países como Polônia e os bálticos, partidários de uma maior dureza contra Putin.
A cúpula de chefes de Estado e de Governo serviu para que todos escutassem de primeira mão o relato do primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, convidado especial. Van Rompuy se ofereceu para assinar a parte política do acordo de associação entre a UE e a Ucrânia —a mais genérica e menos comprometedora— antes das próximas eleições ucranianas em 25 de maio. O grosso do acordo, calculou o presidente do Conselho Europeu, deverá estar pronto até agosto.
Em um impecável inglês e diante uma abarrotada sala de imprensa, Yatseniuk reafirmou a vontade europeísta dos vizinhos ucranianos e advertiu que uma crise militar como a que vive o país “não afeta só a Ucrânia, mas toda Europa”. Yatseniuk sublinhou que Crimeia “foi, é e continuará sendo parte integrante da Ucrânia” e ameaçou a Rússia em se defender caso o país não volte atrás.
Van Rompuy oferece à Ucrânia assinar a parte política do acordo com a UE
O primeiro-ministro interino se encontrou em seguida com o secretário geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, que mostrou sua predisposição de receber qualquer tipo de ajuda “técnica ou militar” que pudesse contribuir para melhorar a estabilidade na região.
Pedem ajuda
O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, pediu nesta quinta-feira "ajuda urgente" à UE para seu país e que a Rússia mostre se quer "contribuir à estabilização ou aumentar as tensões". "Esta não é só uma crise da Ucrânia, é uma crise de toda Europa", disse Yatseniuk ao final de uma reunião com o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, antes da cúpula dos líderes da UE para abordar a situação e da qual também participarão ambos. Yatseniuk sublinhou que "há possibilidades políticas, mas dependem de que a Rússia esteja disposta realmente a fazer: estabilizar a situação ou buscar aumentar as tensões".
Ao fim de sua reunião com o secretário geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, o chefe do Executivo ucraniano descartou —“no momento”— a entrada de seu país na Aliança Atlântica. No entanto, Yatseniuk mostrou sua predisposição em receber qualquer tipo de ajuda “técnica ou militar” que pudesse contribuir para melhorar a estabilidade na região. “Consideramos que ainda devemos fazer o máximo para mitigar a crise com instrumentos políticos e diplomáticos; e a OTAN é um importante veículo para resolver uma crise de segurança global”.
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