_
_
_
_

A UE aprova as primeiras multas enquanto trata de frear a violência

Os 28 países da União proíbem exportar material anti-distúrbios e retiram visados a dirigentes do regime de Yanukóvich

O presidente da Comisión Europea, José Manuel Durao Barroso.
O presidente da Comisión Europea, José Manuel Durao Barroso.STEPHANIE LECOCQ (EFE)

A União Europeia tenta desesperadamente de frear o derramamento de sangue na Ucrânia. Com essa linha de pensamento, os dirigentes políticos ensaiaram ontem um difícil equilíbrio: por um lado, aprovaram as primeiras multas contra o regime de Víctor Yanukóvich e do outro, aceleraram a via diplomática ao enviar uma delegação de ministros a Kiev para negociar.

O crescente número de mortos em um país que divide fronteira com vários Estados da UE tem alarmado Bruxelas e acelerou uma punição que havia tempo que evitava. Os ministros de Exteriores decidiram ontem em uma reunião de urgência aprovar multas como resposta à repressão do regime. No entanto, as represálias adotadas são suficientemente mornas —e pouco concretizadas— como para manter aberta a via de comunicação em Kiev.

Depois de três horas de debate, os chefes da diplomacia europeia decidiram suspender a exportação à Ucrânia de material anti-distúrbios (como canhões de água) e vetar a entrada na Europa a uma lista de pessoas, na sua maioria ligadas ao regime ucraniano. Essa lista está sendo definida, embora o secretário de Estado de Assuntos Europeus, Gonzalo de Benito, calcula que vai se reduzir e que pode ser elaborada em 48 horas, conforme explicou à saída da reunião. Além de retirar os vistos, os integrantes desse grupo veriam congelados todo dinheiro que possam ter nos países comunitários.

De olho nas conversas com Kiev, a lista não incluirá Yanukóvich nem seu círculo mais próximo. “Uma primeira lista poderia incluir os responsáveis pelas forças de segurança, membros do Governo e poderá ser ampliada”, explicou o ministro belga de Assuntos Exteriores, Didier Reynders. Além disso, os ministros renunciaram a decretar o embargo de armas, uma iniciativa que estava inclusa no rascunho de conclusões e que, finalmente, descartaram por sua firmeza (a UE veta a exportação de armas a um número muito reduzido de Estados, entre eles a China e o Zimbábue).

A essa tentativa de potenciar o diálogo obedece também uma frase que o documento ressalta: “A escala de aplicação se adotará à luz dos acontecimentos na Ucrânia”. Isto é, os ministros se reservam a possibilidade de ampliar o alcance destas medidas, mas também de pausar seu desenvolvimento se acham que há alguma possibilidade de sucesso na complexa negociação com Yanukóvich e a oposição.

Todas prevenções conseguiram unir os ministros ao redor de um mesmo texto. “A responsabilidade recai no regime ucraniano, mas não podemos ignorar que há grupos extremistas e infiltrados. Procuramos todos aqueles que estejam manchados de sangue”, argumentou a chanceler italiana, Emma Bonino. Assim como a Espanha, a Itália fazia questão de manter a cautela com as multas porque podiam atrapalhar uma eventual solução negociada.

No outro grupo, a Polônia e outros países do Leste que sofreram o jugo soviético advogavam por uma maior firmeza contra Yanukóvich, identificado na órbita do presidente russo, Vladímir Putin, em detrimento da UE. Ao final o texto ficou em um ponto médio que deixou insatisfeitos a muitos, mas, que pelo menos, conseguiu a unanimidade necessária para abrir caminho às multas. “Vi os ministros extremamente alarmados com a situação que vive a Ucrânia. Este nível de alarme guiou nossa reunião e guiará os seguintes passos que vamos dar no futuro”, expressou ao final do encontro a alta representante para a Política Exterior, Catherine Ashton.

Além da vizinhança, a Europa sente uma responsabilidade moral sobre o que está acontecendo em Kiev e por isso se emprega a fundo para dar uma solução. O conflito iniciou-se quando Yanukóvich desistiu de assinar um acordo de associação com a UE —basicamente, de livre comércio— pelas pressões de Moscou que, em troca, lhe deu um empréstimo milionário para reconduzir a frágil economia ucraniana.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_