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A morte do cinegrafista abre a temporada de caça aos Black Blocs

O falecimento do profissional da TV Bandeirantes atingido por um explosivo no Rio representou uma inflexão na forma com que o Estado lutará contra a violência do movimento Black Bloc

Manifestante protesta contra o aumento das tarifas de ônibus no Rio, na segunda-feira.
Manifestante protesta contra o aumento das tarifas de ônibus no Rio, na segunda-feira.Marcelo Sayão (EFE)

A morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, atingido fatalmente por um explosivo lançado por um manifestante encapuzado durante a penúltima manifestação contra o aumento na passagem de ônibus no Rio, representou um ponto de inflexão na percepção e na forma com que o Estado lutará a partir de agora contra a violência dos chamados Black Blocs. Com a sociedade ainda chocada e os principais formadores de opinião no lado contrário desde a morte de Andrade, os grupos violentos, que inclusive chegaram a contar com o apoio e a compreensão de parte da população brasileira durante a eclosão das manifestações em junho passado, parecem ficar cada dia mais sós em sua cruzada particular contra a Copa do Mundo, os aumentos do transporte, o sistema educacional vigente, a corrupção e, definitivamente, essa maionese que eles chamam “sistema”.

A polícia do Rio está voltada para a busca da pessoa assinalada como principal responsável pela morte de Andrade, cuja identidade já se tornou pública, incluindo sua foto. O sujeito, de 23 anos, responde pelo nome de Caio Silva de Souza e em sua ficha criminal constam dois casos relacionados ao narcotráfico. Segundo o delegado responsável pelo caso, Maurício Luciano de Almeida, Caio Souza e o tatuador Fábio Raposo, já detido por ter participado do lançamento do artefato, responderão pelos crimes de homicídio doloso qualificado pelo uso de explosivos e crime de explosão. “Não me cabe a menor dúvida de que ambos atuaram com a intenção de matar quando lançaram esse artefato explosivo durante a manifestação”, declarou Almeida.

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, voltou a botar sobre a mesa a lacuna jurídica que existe atualmente no Brasil para punir aos responsáveis por atos violentos nas manifestações. Segundo explicou Beltrame em uma entrevista concedida ao jornal O Globo, a Constituição brasileira já proíbe o anonimato e o uso de armas nas manifestações, embora o Código Penal ainda não preveja esses delitos. A proposta do secretário de Segurança do Rio apresentada ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em 22 de novembro último, inclui a proibição de máscaras e o porte de armas ou de objetos que possam ser lesivos durante os protestos. Também se pede uma revisão de certos artigos do código que regulam os crimes contra a paz pública e a associação com finalidade de se causar desordem pública.

Cardozo, reunido em caráter de urgência com representantes das principais associações de imprensa, rádio e TV, anunciou a criação de um grupo de trabalho que discuta medidas de proteção aos jornalistas no exercício de seu trabalho. Também apoiou os projetos da lei que endureceriam as penas e os procedimentos utilizados contra os que protagonizam atos de vandalismo durante as manifestações.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, jogou mais lenha na fogueira ao classificar como “filhinhos de papai mimados” os dois responsáveis pela morte de Santiago Andrade. “O que precisam é ficar na prisão por muito tempo. E nós precisamos de menos impunidade no Brasil e no Rio de Janeiro”, arrematou.

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