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O Parlamento de Kiev se organiza para abordar a “ameaça de divisão do país”

Dezenas de manifestantes tomam a sede do ministério de Justiça sem encontrar resistência. O parlamento, que se reunirá na terça-feira, pretende servir de canal pacificador do conflito

Pilar Bonet
Manifestante da oposição descansa em uma barricada.
Manifestante da oposição descansa em uma barricada.K. Chernichkin (REUTERS)

Uma dura semana de violentos confrontos, assaltos a edifícios e manifestações foi encerrada no domingo na Ucrânia com a esperança de que a Rada Suprema (o Parlamento ucraniano), convocada para a próxima terça-feira, possa servir de canal pacificador do conflito que já contabiliza suas primeiras vítimas fatais.

Em cidades como Zaparozhe, Dnepropetrovsk, Sumi, Odessa, Donetsk e Kirovograd, foram registrados diversos incidentes protagonizados por manifestantes e forças da ordem pública, que em alguns casos atuaram acompanhados dos titushi (agentes de segurança ou colaboradores civis à paisana). Em Kiev, a oposição tomou posse de um novo edifício, a Casa da Ucrânia (que, na época da antiga URSS, abrigava o Museu Lênin), onde instalou uma sala de imprensa e um posto de distribuição de alimentos. Na noite do domingo, dezenas de manifestantes tomaram o controle do ministério da Justiça, também no centro de Kiev, sem encontrar resistência, segundo a agência France Press.

O edifício foi assaltado pelas unidades de autodefesa do Euromaidan na tarde do sábado e conquistado finalmente na madrugada do domingo, quando cerca de 200 cadetes do Ministério do Interior foram obrigados a abandonar o local onde estavam, até então, resistindo.

A oposição temia que a Casa da Ucrânia, situada na praça da Europa, desse a possibilidade às forças de segurança de atacar pela retaguarda a quem segue desafiando o frio nos acessos à sede do Governo.

Em Kiev ocorre o funeral do jovem bielorrusso morto por um disparo de arma de fogo nas brigas da semana. Entre os desaparecidos, seguia Dmitri Bulátov, o líder do movimento Automaidan que agrupa os motoristas simpatizantes com os manifestantes e que organizou expedições à luxuosa residência do presidente Víctor Yanukóvich nas periferias da capital.

Diante da sessão da terça-feira da Rada, Vladímir Litvin, um ex-chefe deste Parlamento, anunciou a formação de um grupo de 17 deputados (independentes e do governante Partido das Regiões) para propor que o Legislativo assuma a responsabilidade pelo destino do país em vista da “ameaça real de divisão” deste.

As propostas de Litvin, que serão elaboradas em uma reunião na terça-feira, incluem a anistia para os detentos nas desordens, uma nova Constituição, abolição das chamadas “leis ditatoriais” aprovadas no último 16 de janeiro e a cessação do primeiro-ministro, Mykola Azarov.

Vladímir Oleinik, um dos autores destas leis que proíbem a maioria dos protestos, já disse que as alterações devem ser objeto de negociação e distinguiu os manifestantes pacíficos dos que ocupam locais oficiais e que devem ser castigados por isso.

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