_
_
_
_

Empreiteira e Panamá negociam para evitar paralisação no Canal

O consórcio liderado pela construtora espanhola aceita que as reclamações sejam feitas segundo os contratos, diz a ministra do Fomento da Espanha, Ana Pastor

Ana Pastor, hoje com o presidente de Panam?.
Ana Pastor, hoje com o presidente de Panam?.CARLOS JASSO (REUTERS)

A empreiteira espanhola Sacyr e o Governo do Panamá se comprometeram a negociar para chegar a uma solução que evite a paralisação das obras do Canal. Este primeiro passo para superar o conflito foi atingido depois da reunião da ministra do Fomento da Espanha, Ana Pastor, com o presidente panamenho, Ricardo Martinelli. "O compromisso do consórcio é que todas as reclamações sejam resolvidas nos termos do contrato. Portanto aí já existe um primeiro acordo. Também iremos sentar para conversar e tentar resolver todos os problemas", afirmou Pastor na saída da entrevista, no Panamá. A ministra negou em entrevista que o Governo espanhol esteja disposto a dar dinheiro a Sacyr para a conclusão das obras.

No dia primeiro de janeiro, o consórcio multinacional ameaçou suspender a ampliação do Canal de Panamá. Primeiramente, o Governo espanhol mostrou-se disposto a ser o mediador entre o consórcio e o Panamá. Durante sua visita ao país, a ministra se reuniu com os representantes do consórcio liderado pela espanhola Sacyr e, após o encontro com Martinelli, com as autoridades do Canal.

Nesta terça-feira, o Grupo Unidos pelo Canal (GUPC) e a agência estatal panamenha que administra a via interoceânica voltam à mesa de negociações. Depois do encontro com Pastor, Jorge Quijano, administrador da estatal da Autoridade do Canal do Panamá (ACP), confirmou que GUPC, onde além de Sacyr estão a italiana Impregilo, como majoritários, e a belga Jan de Nul e a Construtora Urbana do Panamá como minoritários, mantém a ameaça de suspender as obras se não receber cerca de 4 bilhões de reais referentes a despesas adicionais. O grupo de empresas atribuiu esse custo adicional, entre outros fatores, a erros técnicos nos cálculos prévios.

Legislação panamenha

Fontes políticas panamenhas lembraram que a mediação de Pastor não está respaldada pela legislação do Canal, já que ela conta com seus próprios mecanismos para solucionar conflitos. De acordo com a legislação do Canal, que, por sua vez, conta com o respaldo da Constituição do Panamá, as reclamações devem ser apresentado primeiro à ACP. Em um segundo momento, a demanda passa a duas fases decididas por terceiros: uma Junta de Resolução de Disputas e uma arbitragem internacional em um tribunal da Flórida.

“O contrato está blindado por todos os lados”, diz o jurista panamenho Jorge Ritter, ex-chanceler do Panamá e ex-ministro de Assuntos do Canal. Em uma entrevista, Ritter relatou que “não cabem as posições intermédias. Não cabe a possibilidade de negociar. O grupo tem duas opções: ou cumpre ou sai.”

Sem consenso

O Estado do Panamá “não pode pagar” uma empresa internacional, disse. Se as despesas se sustentam, a ACP tem disposição de pagar, sempre ajustando ao contrato e sem sair de seus termos, ratificou. Os arranjos em torno do Canal devem ser adotados dentro estabelecido pela Autoridade e estão fora de consideração ou negociação política, insistiu Ritter. Nem sequer Martinelli pode exercer sua influência ou poder de decisão para impor um arranjo, e seu papel é unicamente de buscar uma solução estritamente limitada o previsto no contrato, especificou.

O início das negociações de Pastor foi precedido por uma severa declaração da ACP, que assegurou neste domingo por nota que a ameaça de paralisar as obras de ampliação a partir do dia 20 deste mês é “inválida” e que os alegações do contratador “carecem de sustento legal e não são claros”. Segundo a Autoridade, as despesas adicionais não foram demonstrados pelo Grupo.

Gastos adicionais

O Grupo, por sua vez, acusou a Autoridade de se negar a “instaurar o diálogo” e reiterou que suas reclamações estão devidamente sustentadas. Assim, assegura que as despesas adicionais se devem às informações errôneas sobre os problemas geológicos e do processamento das misturas de concreto. “Iremos a todas as instâncias judiciais para fazer valer nossos direitos”, disse Pablo Möder, coordenador da direção do Grupo.

O consórcio ganhou em 2009 uma licitação para construir as novas eclusas da rota do Canal, com uma oferta de 7,4 bilhões reais, pela parte mais importante da ampliação, com a meta de conclusão em outubro de 2014. Mas, com os frequentes atrasos, finalizarão em junho de 2015. Se as obras forem suspensas, a entrega seguirá atrasando.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_