Brasil melhora na educação, mas ainda apresenta um dos piores desempenhos
O PISA, principal exame internacional do ensino fundamental, mostra que país foi o que mais avançou em matemática Apesar dos avanços, as notas ainda estão bem abaixo da média e o país continua entre os últimos colocados nas áreas de matemática, leitura e ciência.
O desempenho educacional do Brasil apresentou melhorias “significativas” no PISA, o principal exame internacional da educação básica, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que organiza o exame. De acordo com o relatório da entidade, divulgado hoje, o país foi o que mais evoluiu em matemática dentre os 65 países que tiveram seus estudantes de 15 anos avaliados no ano passado. Mas, apesar dos avanços, as notas ainda estão bem abaixo da média e o país continua entre os últimos colocados nas áreas de matemática, leitura e ciência.
O país também sofre com o alto número de reprovações, especialmente em matemática. “O Brasil precisa de meios mais efetivos para trabalhar com os alunos com dificuldades para motivá-los e reduzir a taxa de desistência escolar”, ressaltou a organização.
Em matemática, disciplina em que alunos brasileiros costumam demonstrar maiores dificuldades nos exames, as notas passaram de 356 (em 2003) para 391 pontos -valor que deixa o país com o oitavo pior desempenho, abaixo de países vizinhos da América Latina, como Chile, México e Uruguai. O estudo mostra ainda que os estudantes registraram as maiores dificuldades em álgebra e na área de funções matemáticas e que o desempenho de meninos é 18 pontos maior que o de meninas, um desnível de gênero acima do registrado na média dos países participantes e que permaneceu estável desde 2003.
Em leitura, área em que o país também está abaixo da média, houve progresso da mesma forma: a nota passou de 396, em 2000, para 410. Neste caso, a melhora também ocorreu entre o grupo de estudantes que tinha mais dificuldades. E os dados mostram que ela se deveu às melhorias econômicas, sociais e culturais ocorridas entre a população de estudantes no período.
A organização ainda aponta preocupações nesta área. “Em 2012, cerca de metade (49,2%) dos estudantes no Brasil tiveram uma performance abaixo da média em proficiência, o que significa que, no máximo, eles conseguem reconhecer o principal tema ou propósito do autor em um texto sobre um tópico familiar e fazer uma simples conexão entre a informação do texto e o conhecimento do cotidiano”. Essa proporção de alunos em dificuldade também fica acima da média registrada entre as 65 nações.
Em leitura, as meninas superam os meninos com uma média de 31 pontos. Essa diferença entre os gêneros aumentou desde 2000, mas é menor do que a observada na média das nações avaliadas.
Em ciências avanços também foram registrados. Mas 61% dos estudantes apresentaram baixa performance na área. Isso significa que eles sabem, no máximo, apresentar explicações científicas óbvias e baseadas em evidências explícitas, explica o documento. Apenas um número muito pequeno de estudantes (0,3%) é considerado nível “top” em ciências. E nenhuma melhora significativa foi verificada na proporção desses estudantes de alta performance.
O relatório mostra ainda bons avanços na inclusão dos alunos: entre o PISA realizado em 2003 e o feito em 2012, o número de estudantes de 15 anos matriculados subiu de 65% para 78% e o país adicionou 425.000 estudantes de 15 anos nas últimas séries do ensino fundamental, um aumento de 18%, o segundo maior atrás da Indonésia. “Muitos dos estudantes que estão agora inclusos do sistema educacional vêm de áreas rurais ou de famílias pobres, então o perfil da população participante na prova entre 2003 e 2012 mudou”, destaca a OCDE.
Pela primeira vez neste ano, a avaliação questionou os estudantes sobre como eles se sentiam na escola. Entre os alunos brasileiros, 85% disseram se sentir felizes (a média dentre os 65 países foi de 80%), 73% se disseram satisfeitos com as escolas (ante uma média de 78%). Mas apenas 39% consideraram que as condições de estudo são ideais –entre os outros países, essa proporção foi de 61%-. O número de estudantes que afirmou que se sente sozinho na escola, dado já registrado nos outros anos, saltou de 8% para 19%. Mesmo assim, os estudantes brasileiros se mostraram mais motivados do que estudantes dos outros países: enquanto a média de estudantes que afirmaram ter interesse no que aprendem em matemática foi de 53% entre as 65 nações, no Brasil a proporção foi de 73%.
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