Polônia anuncia acordos técnicos na Conferência do Clima
As conquistas concentram-se na possibilidade de reflorestamento de zonas degradadas para conseguir compensação de emissões e em um novo sistema para contá-las de forma homologada
Após duas longas noites de negociações, e com outra noite em branco, nas melhores perspectivas, Beata Jaczewska, subsecretaria do Médio Ambiente do Governo da Polônia, país que preside a Conferência do Clima de Varsóvia, anunciou alguns pontos de convergência de caráter técnico, mas que apresentou como os primeiros avanços. Esses avanços estão centrados no pacote REED +, que oferece a possibilidade de reflorestar zonas degradadas para conseguir compensação de emissões, e em um novo sistema para comparar emissões em todo mundo, muito demandado pelos países em desenvolvimento para que todas as contabilizações sejam homologáveis.
As três decisões principais relacionadas com o grande pacto global de redução de emissões de carbono que deve ser adotado em Paris em 2015, o compromisso de contribuir 100 bilhões de dólares (229 bilhões de reais) anuais a partir de 2020 para amenizar os efeitos da mudança climática em países em desenvolvimento e com o mecanismo de perdas e danos, seguem abertos, ou empacados, a depender de quem veja. "Espero que as conversas não sigam amanhã", disse ela depois de perguntada sobre a possibilidade de que não haja um acordo. Ela não quis soltar nem uma palavra sobre os países que estão afundando o acordo, afirmando se tratar de uma negociação com 194 delegações onde não se pode satisfazer a todos. "Quando há um acordo em que todo mundo está igualmente insatisfeito é um bom compromisso", sentenciou.
A comissária de mudança climática da União Europeia, Connie Hedegaard, assegurou esta tarde que estão havendo cada vez mais apoios para que se fixe um calendário, um roteiro, que conduza a um pacto de redução de emissões global para Paris 2015. Nessa lista de países que já deram o sim há muitos governos da América do Sul, África e Estados Unidos, algo que tem sido especialmente enfatizado. Também há certo consenso sobre os critérios de avaliação de redução de emissões que se implantarão nesse futuro acordo. O aspecto em que há mais controvérsia é o sistema de compensação de danos e perdas. Os países em desenvolvimento querem implantar este mecanismo, enquanto Europa pede que se delimite bem que tipo de fenômenos estão sendo causados pelo dano climático e podem ser atribuídos a eles diretamente.
Enfilados já nas negociações finais, e com o último esforço em perspectiva, Venezuela adiantou as essências da pré-conferência do Clima que eles organizam e que dará o passo da Conferência de Lima, em 2014. "Incorporará às organizações não governamentais no mesmo nível que os ministros", assegurou a chefa da delegação do governo venezuelano, Claudia Salerno. Até o momento a participação das ONG está limitada a poucos três minutos de discursos durante as sessões plenárias. "Varsóvia foi uma conferência extremamente financeira e aberta aos negócios dos combustíveis fósseis", criticou. Na contramão de outras muitas delegações, que se esforçam em ser politicamente corretas, Salerno criticou a hipocrisia de algumas delegações. "Aqui muitos dizem que querem mais ambição, mas atuam de outra maneira", sentenciou.
A delegação francesa, convencida de que o grande pacto global de emissões deve ser lembrado em Paris 2015, instou os governos a voltarem a suas casas com o firme propósito de fazer seus deveres. "Fica um longo caminho, mas há que ter uma agenda positiva e conseguir mobilizar dinheiro", manifestaram seus porta-vozes.
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