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Mercosul marca reunião urgente para discutir crise no Brasil

Chanceler argentina fale em “apoio institucional” e pede que tudo se realize conforme a Constituição

Carlos E. Cué
Mauricio Macri, presidente da Argentina
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Os chanceleres (ministros de Relações Exteriores) procuram combinar suas agendas para realizar uma reunião emergencial para tratar da crise no Brasil. A informação foi dada pela chanceler argentina, Susana Malcorra, que organiza o encontro. A Argentina, maior força do Mercosul além do Brasil, está tão preocupada com a crise da economia brasileira que defende que o Mercosul se reúna “mesmo que seja por meio de vídeo-conferência”, para prestar “apoio institucional” ao Brasil e transmitir uma mensagem de unidade. O encontro deverá se realizar antes da chegada do presidente dos EUA, Barack Obama, a Buenos Aires, segundo declarou a chanceler argentina. A urgência é total.

Durante entrevista coletiva no palácio de San Martín pautada pela visita de Obama à Argentina, Malcorra não escondeu a enorme preocupação na região com a situação brasileira. “A preocupação é evidente. É muito grave que um país com o peso, dimensão e importância regional do Brasil esteja sendo atingido por uma crise institucional. É algo que deixa a todos nós preocupados. É fundamental encontrar uma saída institucional da melhor forma dentro dos marcos democráticos. Queremos evitar uma desestabilização da região. Há um interesse profundo no sentido de que o Brasil solucione adequadamente sua situação retomando sua capacidade de crescimento. Isso é bom para o Brasil e para todos. O fato de o principal membro do Mercosul estar passando por uma situação difícil impacta em todo o Mercosul”, insistiu.

Questionada sobre a possibilidade da aplicação da cláusula democrática do Mercosul para excluir o Brasil temporariamente, Malcorra deixou essa porta aberta, mas apenas como uma hipótese, esclarecendo que não é esta a posição da Argentina neste momento. O Governo de Mauricio Macri chegou a colocar a possibilidade de aplicação da cláusula democrática no caso da Venezuela devido à manutenção na prisão de opositores, mas não chegou a ir adiante porque a Argentina se encontrava em minoria. Após as eleições de dezembro, em que o chavismo foi derrotado, Macri deixou de colocar a questão.

“Há uma cláusula democrática no Mercosul, e é preciso saber se as condições para sua aplicação estão colocadas”, explicou Malcorra, em resposta a uma pergunta direta sobre o tema. “Não estou segura disso, não discutimos o assunto, não está em nossa agenda por enquanto que seja aplicada alguma suspensão temporária do Brasil do Mercosul, mas isso poderia, eventualmente, acontecer. Acreditamos, sim, que qualquer passo a ser dado tem de estar dentro daquilo que os princípios democráticos e a Constituição do Brasil preveem. É complexo, claro, há muitas contradições. Nossa mensagem é no sentido de que não se pode fazer nada contra o que está previsto na Constituição brasileira”, insistiu, referindo-se ao processo político em curso no caso da presidenta Dilma Roussef.

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