EL PAÍS conclui nesta sexta o lançamento do seu modelo de assinatura digital
Edição em espanhol fecha seu conteúdo e passa a cobrar 10 euros por mês. As informações essenciais sobre o vírus continuam abertas. Edição em português continua aberta por enquanto
Em um mês de maio, há 44 anos, nascia o EL PAÍS, em uma época também muito convulsionada e de mudança na história da Espanha. Naquela época estávamos saindo de uma ditadura, que também foi uma época de isolacionismo internacional; hoje, em um mundo hiperconectado, a convulsão atravessa fronteiras e seu caráter é sanitário e econômico. O EL PAÍS passa por essas circunstâncias como o grande jornal em espanhol, um diário em papel, como naquela época, mas, principalmente, um site que vive 24 horas por dia e que enfrenta a cobertura da crise do coronavírus como um meio de comunicação maduro que se tornou referência global.
É nesse contexto que o EL PAÍS está se reinventando novamente para garantir seu futuro: neste 1º de maio de 2020, conclui o lançamento do modelo de assinatura digital da edição espanhola, processo que durou meses e que foi adiado devido à gravidade da situação provocada pela pandemia. A partir de agora, os leitores da Internet poderão consultar gratuitamente até 10 artigos por mês, mas depois precisarão assinar para ter acesso total aos conteúdos do jornal. Um contador irá informá-los sobre quantos artigos leram antes de chegar ao limite. Os atuais assinantes da edição impressa poderão ler, ver e ouvir a edição digital sem nenhum gasto adicional. Por enquanto, a edição em português mantém todo o conteúdo aberto.
Com a cobrança de assinaturas na edição em espanhol, haverá uma exceção durante algum tempo: as informações essenciais sobre o coronavírus permanecerão abertas, mantendo a condição de serviço público como o valor dominante do EL PAÍS. A cobertura ao vivo, que traz todas as notícias sobre a crise, além das atualizações de dados e seus infográficos, os artigos relacionados a anúncios das autoridades que afetem imediatamente os cidadãos, bem como os textos explicativos que possam ajudar a tomar decisões tanto no aspecto sanitário quanto de trabalho e financeiro também permanecerão abertos e não serão registrados pelo contador mensal. Paralelamente, para alguns artigos continua sendo necessário se cadastrar, de forma gratuita.
Não é nenhum segredo que os jornais lutam há anos para se adaptar à revolução trazida pela Internet. Muitos não sobreviveram e outros viram suas redações dizimadas. À crise econômica de 2008 se juntou a constante queda nas vendas dos jornais devido à migração do público para ambientes digitais e, paralelamente, o investimento em publicidade foi caindo. A outra via de receita que estava começando a ser construída, a da publicidade digital, desacelerou-se pela concorrência das plataformas tecnológicas, que dominam o mercado quase que de modo monopolista. Por este motivo, apesar de que durante anos a maioria dos jornais ofereceu suas informações gratuitamente na Internet, já faz tempo que muitos optaram por implantar modelos de assinatura digital que compensassem a mudança de cenário. Primeiro foram os jornais econômicos, como o The Wall Street Journal e o Financial Times, que abriram o caminho. Provavelmente, o momento fundamental para os jornais generalistas aconteceu em 2011, quando o The New York Times lançou seu sistema de assinatura, hoje um enorme sucesso. Até então, muitas coisas haviam mudado. A velocidade da Internet, a melhoria dos sistemas de pagamento e os smartphones transformaram o panorama, contribuindo para facilitar a vida dos leitores que decidiram apoiar um projeto jornalístico. No caso do diário global norte-americano, outro fator se juntou: a chegada ao poder de Donald Trump, que provocou uma reação maciça em muitos leitores que decidiram apoiar o jornal. Diante de um mundo cada vez mais cheio de notícias falsas ou informações sem rigor, o leitor buscava fatos e profissionalismo.
Em 8 de março, o EL PAÍS deu o primeiro passo e ofereceu aos leitores a possibilidade de fazer assinaturas. A resposta foi um sucesso e milhares o fizeram, mesmo quando ainda era possível ter acesso ao site sem restrições. Manter uma Redação global com mais de 400 jornalistas, a maior rede de correspondentes de língua espanhola do mundo e equipes de especialistas que hoje são mais relevantes do que nunca ―em saúde, ciência, educação, economia, política, dados, gráficos ou multimídia, para dar apenas alguns exemplos― é um gigantesco e necessário esforço consubstancial à estratégia do EL PAÍS.
A pandemia foi o último obstáculo que veio se juntar a esse caminho pedregoso no qual os jornais avançam há mais de uma década. Os leitores que desejarem apoiar este projeto podem fazê-lo por 10 euros (cerca de 60 reais) por mês. O preço do primeiro mês é de um euro, sem compromisso de permanência. Também existe a opção da assinatura anual por 108 euros na Espanha, com o brinde de um alto-falante inteligente Google Home Mini, ou por 96 euros em todo o mundo. Além de ter acesso ilimitado aos conteúdos, os assinantes serão os únicos com a possibilidade de escrever comentários nos artigos do EL PAÍS, com o objetivo de construir uma comunidade crítica e construtiva, livre de toxicidade. Além disso, a experiência de leitura terá publicidade reduzida e haverá três acessos simultâneos para consultar o jornal em vários dispositivos.
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