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Nefasta gestão

Estratégia de Bolsonaro em relação à pandemia está causando vítimas desnecessárias

O presidente Jair Bolsonaro.Joédson Alves (EFE)
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A gestão de um episódio tão nocivo e de graves consequências sociais e econômicas como a covid-19 revelou ser uma tarefa complicadíssima para todos os Governos do mundo. A maior parte da comunidade internacional optou por medidas drásticas ―fundamentalmente o confinamento― para achatar a curva de contágios e mortes. Enquanto isso, outros Executivos, entre os quais se destacou em certo momento o do Reino Unido, escolheram uma atitude mais frouxa à espera de resultados. Também se viu como alguns Governos ―o Reino Unido volta a ser o exemplo― mudaram de estratégia quando ficou demonstrado que a utilizada não era eficaz. Por isso, é particularmente desconcertante a obstinação do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em minimizar o impacto de uma doença sobre a qual já não há dúvidas quanto ao seu custo, tanto em vidas como em termos econômicos. E o mesmo acontece com sua atitude de atacar e ridicularizar quem, com razão, adverte para o perigo e pede uma mudança de atitude.

Bolsonaro é um dos políticos mais negacionistas do mundo em relação à covid-19, e o Brasil ocupa a segunda posição em mortes em nível global, com mais de 67.000 óbitos confirmados. O outro grande negacionista é Donald Trump, e os EUA ostentam o triste recorde de mortos e contágios. O presidente brasileiro, além disso, evita constantemente os dados objetivos. Também é algo que ocorreu em outras latitudes antes que a doença chegasse ao Brasil. E a isso somou o hábito de se burlar dos estudos científicos e das instituições que os sustentavam. Como sinal disso, o Brasil está há mais de 50 dias sem ministro da Saúde. Entre abril e maio, dois titulares dessa pasta se demitiram sucessivamente por seu total desacordo com a atitude de Bolsonaro.

E, com este permanente desprezo governista por medidas mínimas de prudência, o próprio mandatário brasileiro anunciou ter contraído o novo coronavírus. Uma péssima notícia tanto do ponto de vista humano como institucional. Se, lamentável e indesejavelmente, a saúde de Bolsonaro piorar, será alterada tanto a ação do Governo brasileiro como a própria chefia do Estado num momento crítico em que o Brasil necessita urgentemente conter a pandemia, mitigar seus efeitos sociais e econômicos e encarar sua recuperação.

Sem necessidade de ser ele próprio vítima do contágio, Bolsonaro (65 anos), que continua afirmando que a doença não é tão grave e afeta sobretudo os idosos, deveria ter compreendido já há bastante tempo que sua gestão da pandemia é nefasta, que sua estratégia está causando um alto número de vítimas desnecessárias e provocando, além disso, um grave dano interno e externo ao país que preside. E tampouco parece ter compreendido que nunca é tarde para se corrigir.


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