Capturado Otoniel, líder da maior gangue de tráfico de drogas da Colômbia
Dairo Antonio Úsuga era um dos criminosos mais procurados do Clã do Golfo. Foi preso em Necoclí, no litoral de Antioquia
Dairo Antonio Úsuga David, conhecido pelo apelido de Otoniel, um dos traficantes de drogas mais procurados da Colômbia, foi capturado em uma operação conjunta do Exército e da Polícia no que pode ser um dos golpes mais importantes à estrutura criminosa que ele lidera, o Clã do Golfo. A informação foi confirmada neste sábado pelo presidente Iván Duque. “Otoniel não estava apenas na lista dos mais procurados por tráfico de drogas e recrutamento, mas também por abuso de menores”, disse o presidente, que comemorou a chamada Operação Osíris.
Úsuga, 49 anos, era o líder do Clã do Golfo, que também se define como Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC), uma gangue que surgiu após a desmobilização de grupos paramilitares em 2006, no Governo de Álvaro Uribe (2002-2010). O grupo de narcotraficantes teria 3.000 integrantes e atuaria em mais de 250 municípios dos 1.122 que compõem o país.
Em entrevista coletiva, o ministro da Defesa, Diego Molano, disse que o Clã do Golfo se tornou a maior ameaça ao país, não só pelo volume de exportações de drogas, mas também por atuar como “regulador do microtráfico”, o que provocou disputas entre grupos e massacres recentes. O comandante das Forças Armadas, general Fernando Navarro, apresentou alguns detalhes e disse que Otoniel estava cercado desde sexta-feira, mas a captura ocorreu na tarde do sábado.
O Governo colombiano oferecia uma recompensa de 3 bilhões de pesos (4,5 milhões de reais) e os Estados Unidos, de 5 milhões de dólares (28,5 milhões de reais), por informações que levassem a sua captura. Imagens divulgadas pela imprensa local mostram-no rodeado de militares e em aparente tranquilidade. Ele foi transferido para Medellín, onde se ouvia o barulho de helicópteros, que mantiveram a população em alerta durante toda a manhã.
Úsuga buscou insistentemente algum tipo de acordo com a justiça, semelhante ao processo de paz entre o Governo colombiano e as FARC. Na ocasião, o então presidente Juan Manuel Santos foi enfático ao rejeitar a proposta: “Não há nenhuma possibilidade porque são criminosos e traficantes de drogas”, afirmou.
Ariel Ávila, analista da Fundação para a Paz e Reconciliação (Pares) e colunista deste jornal, afirma que a captura pode ser produto de dois cenários: “Guerra interna e disputa; ou cooptação de outro grupo “. As autoridades vinculam Úsuga à produção e ao tráfico de cocaína, mas também à mineração ilegal e a pelo menos uma centena de crimes, incluindo sequestros e massacres. Em março, o Ministério Público apreendeu 51 quilos de cocaína de seu grupo.
“Otoniel terá que ser responsabilizado pelas centenas de crimes cometidos sob seu comando. As vítimas merecem justiça”, disse José Miguel Vivanco, diretor da Human Rights Watch para as Américas, por meio do Twitter, ao parabenizar Duque pela operação.
Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.