Os planos de estímulo de Trump resgataram 8,5 milhões de pessoas da pobreza nos Estados Unidos
O feito sem precedentes em somente um ano avaliza o ambicioso plano social do presidente Joe Biden
A pobreza foi reduzida no geral em 2020 nos Estados Unidos como resultado dos planos de estímulo maciços e as ajudas de desemprego. A resposta da Administração de Donald Trump à pior crise econômica desde a Grande Depressão evitou que amplas camadas da população caíssem na pobreza apesar do índice ter crescido levemente até chegar em 11,4%, no ano passado. As ajudas do Governo contra a pandemia diminuíram esse índice para 9,1%, de acordo com os dados publicados na terça-feira pelo Escritório do Censo dos EUA. A rápida resposta do Congresso, e a prorrogação das ajudas de desemprego, foram um salva-vidas aos norte-americanos com baixa renda.
Em comparação com o ano anterior à pandemia, a renda média dos lares em 2020 caiu 2,9%, pelas consequências negativas no mercado de trabalho e a paralisação da atividade econômica pelo confinamento. Foi a primeira redução “estatisticamente significativa” na renda média dos lares desde 2011, de acordo com a avaliação do próprio Escritório do Censo.
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Essa diminuição provocou o aumento provisório do índice de pobreza em 2020: 3,3 milhões a mais do que ano anterior, até chegar a um total de 37,2 milhões de pessoas, Mas, graças à ajuda e subsídios distribuídos pelo Governo desde março de 2020, quando a pandemia começou, a chamada medida suplementar de pobreza caiu para 9,1% no ano passado, contra 11,8% de 2019. Quase 8,5 milhões de pessoas saíram da pobreza, um feito sem precedentes em um só ano, atribuível em grande medida aos estímulos do Governo federal.
Entre o pacote de estímulos aprovados como plano de choque antipandêmico está a injeção de cheques de 1.200 dólares (6.200 reais) à população de baixa renda. De acordo com o Escritório, esses cheques tiraram da pobreza 11,7 milhões de pessoas em 2020 e impediram que outros 5,5 milhões de norte-americanos caíssem nela. A pobreza é definida como renda anual inferior aos 26.200 dólares (136.870 reais) para uma família de quatro membros. Em 2020 a renda média dos lares foi de 67.521 dólares (352.730 reais), 2.000 a menos do que em 2019.
Com a recuperação da economia, a Casa Branca acredita que mais norte-americanos conseguirão encontrar trabalhos mais bem pagos do que os que os sustentam. Mas se mantêm profundas desigualdades e há sinais preocupantes de que a recuperação pode ficar em suspenso, começando pela desaceleração na criação de emprego em agosto e os estragos da variante delta do coronavírus, com 150.000 casos diários. As mulheres negras e hispânicas continuam ficando para trás na recuperação, junto com os trabalhadores menos qualificados. O maior nível de pobreza se deu entre a população afro-americana, com 19,5%, seguida pelos hispânicos, com 17%, e a população branca, com 8,2%. Desse modo, enquanto os lares da comunidade asiática registraram uma média de renda de 94.900 dólares (495.760 reais), seguidos pelos brancos não hispânicos —74.900 (391.280 reais)—, os afro-americanos e os hispânicos ficaram abaixo da renda média nacional, com 45.900 e 55.300 dólares (239.780 e 290.000 reais), respectivamente.
O efeito positivo das ajudas do Governo como apoio à população com menor renda avaliza, de acordo com a Casa Branca, o ambicioso plano de ajudas sociais do presidente Joe Biden, que com um investimento de 3,5 trilhões de dólares (18 trilhões de reais) pretende combater a pobreza ao ampliar a cobertura social, com medidas como educação pré-escolar universal, maior dedução do imposto de renda por filho, licenças remuneradas de trabalho e ampliação dos programas Medicare, a cobertura de segurança social pública para maiores de 65 anos, e o Medicaid, para pessoas sem recursos. Os bons dados do salva-vidas federal em 2020 são à Casa Branca o melhor exemplo de como recursos adicionais podem fazer uma diferença substancial entre a diminuição da pobreza e uma desigualdade ainda mais profunda. O empenho da Casa Branca, entretanto, não está isento de problemas, o primeiro deles a resistência de alguns democratas moderados em apoiar um investimento tão colossal, pelo temor ao déficit, e a recusa em aumentar os impostos às rendas mais altas.
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