Acidente com lancha cheia de migrantes deixa ao menos quatro mortos na costa da Califórnia
Patrulha fronteiriça informa que a embarcação levava cerca de 30 pessoas que tentariam entrar ilegalmente nos EUA
Pelo menos quatro pessoas morreram e outras 25 ficaram feridas na manhã de domingo quando uma embarcação virou em frente à costa de San Diego, no sul da Califórnia, informou a Guarda Costeira do Estado. Um supervisor da Patrulha Fronteiriça, encarregada de vigiar a divisa com o México, informou à imprensa que aparentemente se tratava de uma lancha que transportava vários migrantes para os Estados Unidos. Algumas testemunhas do acidente gravaram o momento em que a embarcação, de 12 metros de comprimento, se desintegrava lentamente, o que fez quase todos os passageiros pularem na água. “É uma tragédia”, disse James Gartland, chefe da guarda-costeira local, ao jornal San Diego Tribune.
As autoridades receberam os primeiros pedidos de socorro por volta de 10h de domingo (14h em Brasília). Os relatos davam conta de que aproximadamente 30 pessoas viajavam na embarcação, que não se sabe de onde havia saído. Fortes ventos a impulsionaram para uma área da costa cheia de pedras. Os golpes acabaram danificando a lancha, que se desfez em pedaços. A guarda-costeira localizou alguns feridos já em terra, mas nove migrantes foram arrastados pela forte correnteza. Dois dos mortos se afogaram. Os nomes e nacionalidades das vítimas não foram divulgados até o momento.
Hospitais locais receberam 25 vítimas do acidente, a maioria sem gravidade, embora uma delas esteja em estado crítico, informou a Guarda Costeira na noite de domingo. Mais de 90 agentes participaram das operações de socorro ―principalmente bombeiros e agentes da guarda-costeira, junto a outros órgãos locais e federais. Um helicóptero procurava mais sobreviventes na água até o anoitecer. Em um boletim anterior, os bombeiros informaram que o incidente havia deixado três mortos e 27 feridos.
Jeffrey Stephenson, porta-voz do Escritório de Alfândega e Proteção Fronteiriça (CBP, na sigla em inglês), disse que as autoridades identificaram e interrogaram um dos supostos responsáveis pelo tráfico de imigrantes. “Era uma embarcação de contrabando”, disse Stephenson, acrescentando que os coiotes não se importam minimamente pelas pessoas a quem estão explorando. “Tinham equipamentos de segurança inadequados e, obviamente, esta embarcação estava gravemente superlotada”, acrescentou.
Os Estados Unidos anunciaram na sexta-feira que intensificariam no fim de semana o patrulhamento em frente à costa de San Diego, na fronteira com Tijuana (Baixa Califórnia, México). O objetivo é reduzir o constante fluxo de imigrantes tentando chegar aos Estados Unidos. A rota marítima tem sido a alternativa preferida das organizações de tráfico de pessoas em reação ao reforço do patrulhamento terrestre em outros pontos. No ano passado foram registradas mais de 300 tentativas de contrabando de pessoas pelo mar, um aumento de 92% em comparação a 2019, segundo dados oficiais.
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Clique aqui“Vimos um aumento dramático no número de tentativas de contrabando marítimo recentemente”, disse em nota Aaron Heitke, chefe da Patrulha Fronteiriça em San Diego. “Todos estes cruzamentos marítimos ilegais são intrinsecamente perigosos”, acrescentou.
O porta-voz Stephenson admitiu que os radares das lanchas que patrulham as águas internacionais entre os dois países não captaram a embarcação acidentada no domingo, por ser parecido com os barcos que navegam habitualmente pela região e diferente do modelo preferido dos traficantes, com convés baixo e largo.
O acidente se dá num momento em que os Estados Unidos registram uma grande afluência de imigrantes indocumentados. Março teve o maior número de entradas de estrangeiros irregulares no país em 15 anos, o que fez soar os alarmes para a Administração do presidente Joe Biden. A situação forçou o mandatário a ordenar à sua vice-presidenta, Kamala Harris, que se encarregasse pessoalmente da crise. Nos próximos dias será anunciada a cifra de detenções de abril, um mês em que as operações aumentaram e várias cidades fronteiriças inauguraram albergues para os menores desacompanhados.
Alguns funcionários do Governo democrata dizem que o êxodo reflete o aumento da pobreza criada pela pandemia e a violência nos países do chamado Triângulo Norte da América Central (Honduras, El Salvador e Guatemala).
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