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Tribunal condena a 30 anos de prisão o principal acusado do ataque contra o ‘Charlie Hebdo’ em 2015

Ao todo, 14 pessoas foram julgadas culpadas pelos atentados à sede do semanário e a um supermercado judaico na França

Ilustração feita em novembro dos presentes no julgamento pelos ataques contra o 'Charlie Hebdo' e o supermercado Hyper Cacher.
Ilustração feita em novembro dos presentes no julgamento pelos ataques contra o 'Charlie Hebdo' e o supermercado Hyper Cacher.BENOIT PEYRUCQ (AFP)
Marc Bassets
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FILE PHOTO: A person holds up a "Je Suis Charlie" (I am Charlie) sign during a ceremony at Place de la Republique to pay tribute to the victims of last year's shooting at the French satirical newspaper Charlie Hebdo, in Paris, France, January 10, 2016. REUTERS/Yoan Valat/Pool/File Photo
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Os acusados de envolvimento nos atentados islâmicos de janeiro de 2015 na França contra o semanário satírico Charlie Hebdo e o supermercado judaico Hyper Cacher foram declarados culpados nesta quarta-feira e condenados a penas de 4 a 30 anos de prisão. Os atentados deixaram 17 mortos em Paris e arredores e inauguraram um ano de terror jihadista que culminou, 11 meses depois, nos ataques à sala de shows Bataclan, a vários terraços da capital francesa e ao Stade de France, na cidade vizinha de Saint-Denis. Os três meses de duração do julgamento foram marcados por outros três atentados jihadistas no país e por um debate nacional e internacional sobre a liberdade de expressão, o direito à blasfêmia e as caricaturas de Maomé no Charlie Hebdo. Ali Riza Polat, o principal acusado, foi condenado a 30 anos da prisão por cumplicidade com crimes terroristas.

Dos 14 acusados pelo ataque ao Charlie Hebdo e ao Hyper Cacher, 3 foram julgados à revelia: a única mulher, Hayat Boumedienne, e os irmãos Mohamed e Medhi Belhoucine, que, supostamente, teriam morrido na Síria depois de se unirem ao Estado Islâmico (ISIS, na sigla em inglês). A dificuldade do processo consistiu em determinar o grau de cumplicidade dos acusados, já que os três homens que cometeram os atentados ―os irmãos Saïd e Chérif Kouachi e Amédy Coulibaly― foram mortos a tiros durante confronto com a polícia após os ataques.

Além de Riza Polat, estão entre os condenados Amar Ramdani e Willy Prévost, sentenciados, respectivamente, a penas de 20 anos e 13 anos de prisão por “associação criminosa terrorista”. Os juízes rebaixaram as acusações contra outros para “associação criminosa não terrorista”. São eles Saïd Makhlouf, Mohammed Farès, Abdelazis Abbad, Neetin Karasular, Michel Catino, Christophe Raumel e Miguel Martínez, que deverão cumprir penas entre 4 anos e 10 anos de cadeia.

No processo pelos atentados cometidos entre 7 e 9 de janeiro de 2015 foi julgado, primeiro, o envolvimento de uma rede de traficantes e criminosos responsável pelo fornecimento de armas, equipamento e financiamento que facilitaram a execução dos crimes pelos irmãos Kouachi e por Coulibaly, segundo a acusação. A defesa pediu que não fossem buscados, a qualquer custo, culpados para compensar a impossibilidade de condenar Coulibaly e os irmãos Kouachi. Os acusados sustentaram durante o julgamento que não tiveram nada a ver com os ataques.

O julgamento foi meio catártico para a França, pois permitiu reviver, e conhecer melhor, os detalhes daqueles dias, assim como ouvir parte das vítimas. E porque coincidiu, tragicamente, com uma nova onda de ataques jihadistas na França, que tiveram seus momentos mais dramáticos com a decapitação do professor Samuel Paty por um jihadista de origem chechena, em 16 de outubro, e com o assassinato de três pessoas a facadas por um terrorista na basílica de Notre Dame em Nice, em 29 de outubro.

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