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Grupo armado assassina mais de cem agricultores na Nigéria

ONU publica neste domingo o balanço de vítimas, algumas delas decapitadas, em um atentado perpetrado no sábado supostamente pelo grupo jihadista Boko Haram

Funeral da matança em 28 de novembro de 2020 na Nigéria, perpetrada supostamente por membros do grupo jihadista Boko Haram.
Funeral da matança em 28 de novembro de 2020 na Nigéria, perpetrada supostamente por membros do grupo jihadista Boko Haram.AUDU MARTE (AFP)

Pelo menos 110 civis foram assassinados no sábado em um ataque nos arrozais localizados na aldeia de Koshobe, nordeste da Nigéria, de acordo com um balanço das Nações Unidas publicado no domingo. “Homens armados chegaram em motocicletas e realizaram um brutal ataque contra homens e mulheres que trabalhavam nos campos de Koshobe. (...) Pelo menos 110 civis morreram cruelmente e muitos outros ficaram feridos”, disse o coordenador humanitário da ONU na Nigéria, Edward Kallon. “Todo o país está ferido”, disse o presidente Muhammadu Buhari.

As vítimas eram agricultores. Várias dezenas foram decapitados no ataque, que começou no sábado pela manhã na aldeia localizada no Estado de Borno, nordeste da Nigéria, onde costuma agir o grupo jihadista Boko Haram. Ainda que ninguém tenha assumido a responsabilidade pelo massacre, o Boko Haram realizou matanças deste tipo no passado e se mantém ativo na região, onde os terroristas mataram pelo menos 30.000 pessoas na última década. E já há fontes que os apontam como responsáveis. “É sem dúvida a obra do Boko Haram, que opera na região e ataca frequentemente os agricultores”, afirmou no sábado Babakura Kolo, comandante de uma milícia governamental.

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Em Zabarmari, dezenas de pessoas rodearam neste fim de semana os corpos dos assassinados, que foram envoltos em sudários funerários brancos e colocados em esteiras de madeira enquanto os clérigos faziam orações aos falecidos. Enquanto isso, no sábado as autoridades continuavam procurando corpos, especialmente nas regiões pantanosas dos arrozais e nos campos de cultivo. O ataque de sábado foi no dia das eleições locais no conflituoso Estado de Borno, as primeiras organizadas desde o começo da insurreição do Boko Haram em 2009.

O número de vítimas mortais foi aumentando com o passar das horas após o atentado. Após participar do enterro de 43 pessoas, o governador de Borno, Babaganan Umara Zulum, informou que já haviam contabilizado 70. “Ao chegar me informaram que agora são 70”, disse aos jornalistas. O governador falava do povoado de Zabarmari, bem próximo ao campo atacado. Depois, o coordenador humanitário da ONU elevou a contagem para mais de uma centena. A rede britânica BBC afirma que, além da matança, por volta de quinze mulheres foram sequestradas pelos atacantes. Os agricultores “foram atacados porque na sexta-feira desarmaram e prenderam um pistoleiro do Boko Haram que os estava incomodando”, disse Ahmed Satomi, membro do parlamento local, ao jornal Premium Times e citado também pela BBC.

Zulum pediu ao Governo federal que aumente a presença de forças de segurança para proteger os agricultores da região. “Por um lado, [os camponeses] ficam em casa, podem morrer de fome e de inanição; por outro, vão às suas plantações e correm o risco de ser assassinados pelos insurgentes”, lamentou. Os preços dos alimentos na Nigéria aumentaram drasticamente durante o último ano, impulsionados por inundações, fechamentos de fronteiras e insegurança em algumas áreas produtoras de alimentos.

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