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Pelo menos 50 migrantes morrem tentando chegar às Canárias

Três naufrágios foram registrados nessa rota desde o começo da semana

Os ocupantes de uma balsa improvisada que chegou em 2 de agosto às costas da ilha Grande Canária.
Os ocupantes de uma balsa improvisada que chegou em 2 de agosto às costas da ilha Grande Canária.Ángel Medina (EFE)

Pelo menos 50 migrantes de origem subsaariana morreram afogados nas últimas horas no naufrágio de duas embarcações em que se dirigiam às ilhas Canárias, conforme se soube na noite desta quinta-feira. Uma das precárias balsas naufragou em frente às costas de Nuadibu, na Mauritânia, deixando pelo menos 40 mortos. O segundo naufrágio ocorreu na costa de Dajla, no Saara Ocidental (ex-colônia espanhola ocupada por Marrocos), e deixou pelo menos 10 mortos. A rota atlântica é a mais perigosa das usadas por migrantes para chegar à Espanha, devido à sua extensão, à limitada capacidade de socorro das guardas costeiras locais e à confluência de correntes. No ano passado 170 pessoas morreram ali, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A primeira das duas embarcações acidentadas sofreu uma avaria e ficou vários dias à deriva sem que fosse localizada, informou uma fonte de segurança mauritana à agência Efe. Posteriormente, segundo o relato desta fonte, os ocupantes decidiram se jogar ao mar, mas acabaram se afogando. A tragédia ocorreu em águas internacionais, segundo a agência AFP. Apenas um ocupante sobreviveu e foi encontrado “por acaso” pelas autoridades mauritanas na costa de Nuadibu.

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O sobrevivente, um guineano, está internado num hospital dessa cidade mauritana. Ele contou que os ocupantes da balsa saíram de Marrocos e se dirigiam ao arquipélago espanhol no Atlântico, mas não sabia dizer a data do embarque nem quantos dias o grupo passou em alto-mar. “Nosso bote se desmanchou. Durante muito tempo não tivemos ajuda. Foi um salve-se quem puder”, contou o único resgatado, segundo uma fonte mauritana citada pela AFP. “Acho que estão todos mortos. Sou o único sobrevivente”, acrescentou.

O enviado especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) no Mediterrâneo Central, Vincent Cochetel, lamentou a tragédia em sua conta do Twitter. Cochetel afirmou que tanto o Acnur como a OIM, trabalham com as autoridades locais e outros sócios “para intensificar os esforços e prevenir tragédias como esta”. Mas os traficantes, acrescentou, “continuam mentindo a seus clientes”.

Os cadáveres da segunda embarcação que viajava para as Canárias foram localizados na quarta-feira por pescadores marroquinos e por agentes da Marinha marroquina, segundo relato de fontes oficiais à agência Efe, acrescentando que outros 10 migrantes puderam ser resgatados com vida. As mesmas fontes informaram que as autoridades marroquinas continuavam mobilizadas na noite da quinta para resgatar outros possíveis sobreviventes ou encontrar cadáveres de mais migrantes que pudessem estar a bordo desta balsa que naufragou 20 quilômetros ao sudeste de Dakhla.

Em sua conta no Twitter, a ativista de direitos humanos e porta-voz da ONG espanhola Caminhando Fronteiras, Helena Maleno, elevou a 27 a cifra de afogados neste incidente e acrescentou que há um número desconhecido de desaparecidos.

O reforço do controle fronteiriço no norte de Marrocos está deslocando as rotas migratórias do Mediterrâneo para a costa atlântica. Para evitar interceptações, os migrantes partem de regiões cada vez mais longínquas e ficam a mercê das marés em embarcações em mau estado, sem combustível suficiente e sem instrumentos de navegação. Incluindo estes dois últimos, já são três naufrágios registrados nesta semana. Na segunda-feira passada, as autoridades marroquinas encontraram outros sete cadáveres e resgataram 40 migrantes subsaarianos que tentavam chegar às Canárias, frente à localidade de Tarfaya, no sul do país africano.

A última grande tragédia de que se tem notícia na rota atlântica para o arquipélago aconteceu em dezembro de 2019, quando 60 migrantes de Gâmbia morreram afogados em sua tentativa de chegar à Espanha, depois do naufrágio da canoa em que viajavam.

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