Cuba retoma o cargo de primeiro-ministro após mais de quatro décadas

Manuel Marrero, ministro do Turismo desde 2004, assume a função recuperada pela Constituição aprovada este ano

O primeiro-ministro de Cuba, Manuel Marrero, cumprimenta o presidente do país, Miguel Díaz-Canel (de costas), neste sábado.Y. Lage (AFP)

Cuba recuperou a figura do primeiro-ministro como parte do processo de reorganização institucional que o país vive após a recente aprovação da nova Constituição. O Governo quer adotar medidas para renovar as estruturas de poder e dividir as responsabilidades que durante décadas estiveram concentradas na figura do presidente, cargo que Fidel e Raúl Castro ostentaram de forma sucessiva. O novo primeiro-ministro será Manuel Marrero, até agora titular da pasta do Turismo.

O novo cargo de primeiro-ministro – que o próprio Fidel ocupou desde o triunfo da revolução – foi eliminado em 1976 e agora é reinstaurado por proposta do presidente cubano, Miguel Díaz-Canel. Para acompanhá-lo no Governo ele escolheu Manuel Marrero, o homem que nos últimos 17 anos dirigiu o Ministério do Turismo, o setor mais dinâmico da economia da ilha.

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O Parlamento cubano, reunido ontem em Havana, aprovou por unanimidade o nome de Marrero, que será acompanhado, como vice-primeiros-ministros, pelo histórico comandante Ramiro Valdés (87 anos); por Roberto Morales, atual vice-presidente do Conselho de Estado e ex-ministro da Saúde; pela ministra Inés María Chapman; Ricardo Cabrisas, um dos pesos-pesados da economia cubana; Alejandro Gil, atual ministro da Economia; e José Luis Tapia.

A designação de Marrero, de 56 anos e arquiteto de formação, causou surpresa nas esferas diplomáticas, pois, apesar de ele ser um homem de confiança de Díaz-Canel – e também de Fidel Castro – e de estar à frente do importante setor turístico, especulava-se com outros nomes mais políticos para o cargo, como os de Roberto Morales e Inés María Chapman.

Marrero ocupou diversos cargos no setor: da corporação turística Gaviota até a direção deste Ministério fundamental para a economia, cuja contribuição ao PIB é de grande importância numa época de enorme dificuldade econômica e de graves danos provocados pela lei Helms-Burton, que consolidou o embargo dos Estados Unidos a Cuba. Díaz-Canel destacou ante o Parlamento a “honestidade, capacidade de trabalho e fidelidade ao Partido e à Renovação”, além da “rica experiência em negociação com contrapartes estrangeiras” de Marrero, segundo a agência Efe.

Na etapa do presidente norte-americano Barack Obama, o turismo teve um aumento considerável em Cuba. No entanto, com a eliminação dos cruzeiros e dos voos diretos por parte da Administração de Donald Trump, as expectativas de crescimento caíram sensivelmente. E Marrero foi justamente uma das pessoas encarregadas de enfrentar essa situação.

O Parlamento também designou os novos ministros de Trabalho e Seguridade Social (Marta Elena Feito), Indústria Alimentícia (Jorge Santiago Sobrino), Indústria (Eloy Álvarez) e Minas e Energia (Nicolás Arrente). Todas essas pastas são consideradas de grande importância para a atual conjuntura económica da ilha.

Além disso, Martha Sabina será a ministra-presidenta do Banco Central de Cuba, dirigido desde 2017 por Irma Margarita Martínez.

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