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Beatriz Ferreira leva prata inédita e confirma o melhor desempenho do boxe brasileiro na história dos Jogos

Bia venceu o primeiro round, mas foi derrotada por Kellie Harrington nos dois seguintes por decisão unânime dos juízes. Esporte rendeu três medalhas para o Brasil em Tóquio

Beatriz Ferreira com a medalha de prata.
Beatriz Ferreira com a medalha de prata.LUIS ROBAYO (AFP)
Diogo Magri
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Tokyo (Japan), 07/08/2021.- Silver medalists Brazil celebrate during the Women's Volleyball medal ceremony at the Tokyo 2020 Olympic Games at? the Ariake Arena in Tokyo, Japan, 08 August 2021. (Brasil, Japón, Tokio) EFE/EPA/HOW HWEE YOUNG
Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, últimas notícias ao vivo
Tokyo 2020 Olympics - Open Water Swimming - Women's 10km - Final - Odaiba Marine Park - Tokyo, Japan - August 4, 2021. Ana Marcela Cunha of Brazil celebrates winning gold after the race. REUTERS/Leonhard Foeger
Ouro merecido para a baiana Ana Marcela Cunha na maratona aquática
Brazil's Abner Teixeira, after his men's heavyweight 91-kg boxing match against Jordan's Hussein Eishaish Hussein Iashaish at the 2020 Summer Olympics, Friday, July 30, 2021, in Tokyo, Japan. (Buda Mendes/Pool Photo via AP)
Abner Teixeira ganha bronze e conquista a primeira medalha para o boxe brasileiro em Tóquio

A primeira pugilista brasileira a ganhar uma medalha de prata na história das Olimpíadas é Beatriz Ferreira. A baiana de Salvador perdeu para a irlandesa Kellie Harrington, na madrugada deste domingo, pela final da categoria peso leve, até 60 quilos, e ficou em segundo lugar na categoria nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. No Dia dos Pais, Bia deu um presente para o seu, o ex-boxeador e atual treinador Raimundo “Sergipe”, e fechou uma Olimpíada histórica para o boxe brasileiro. O esporte terminou como o que mais deu medalhas ao Brasil, empatado com o skate, tendo sido responsável também pelo bronze de Abner Teixeira e pelo ouro de Hebert Conceição. Com sua conquista, o país chegou a 21 medalhas, com 7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes, e termina na 12ª posição, um recorde para o Brasil.

A prata de Bia representa o melhor resultado de uma brasileira no boxe olímpico, e não surpreende. Ela chegou em Tóquio como uma das favoritas e não teve problemas para vencer a taiwanesa Shih-Yi Wu na estreia, e depois bater a uzbeque Raykhona Kodirova para já garantir ao menos o bronze. “A gente está preparado, treinando há cinco anos para estar aqui. Vamos mudar a cor dessa medalha. A meta é ouvir o hino no lugar mais alto do pódio”, avisou após a segunda vitória. Na sequência, derrotou com tranquilidade a finlandesa Mira Potkonen, cumprindo a primeira parte da promessa ao mudar a cor do bronze para prata. No entanto, não concluiu a meta ao perder para Harrington.

Em uma luta muito equilibrada, entre as duas últimas campeãs do mundo, Ferreira venceu o primeiro round, mas foi derrotada de forma unânime para os juízes nos dois seguintes. “Claro que o objetivo era o ouro, o ouro não veio, mas estou contente com essa aqui. Sou medalhista olímpica, é para poucas. Vou continuar trabalhando para que ela mude. Paris está logo ali. Aguardem”, prometeu ela após o fim da luta.

O favoritismo ao pódio era justificado por todas as conquistas de Bia nos anos de preparação para as Olimpíadas. Em 30 competições que disputou na carreira, ficou entre as três primeiras em 29 delas. E ganhou as mais importantes antes de Tóquio. Foi campeã mundial na Rússia e pan-americana no Peru, ambos em 2019. Aos 28 anos, é considerada a melhor pugilista do mundo na categoria peso leve, que luta com seus 1,65 metro e 52 quilos.

Para chegar no nível mais alto do esporte, Beatriz teve incentivo familiar desde cedo. Ela é filha do boxeador Raimundo Ferreira “Sergipe”, bicampeão brasileiro de boxe entre o fim da década de 90 e o começo dos anos 2000. Foi o pai, que hoje é seu treinador, que a colocou para lutar pela primeira vez aos 4 anos de idade, quando ainda moravam em Salvador. Raimundo se mudou para Juiz de Fora para ser professor de boxe quando Bia tinha 14 anos. Na cidade mineira, os pais da pugilista se separaram e ela escolheu ficar com o pai em Minas. Começou, então, a ser lapidada para se tornar uma profissional. No seu primeiro Campeonato Brasileiro, em 2015, lutou uma categoria acima e venceu sua estreia por nocaute em 30 segundos.

No entanto, a competição marcou uma punição decisiva para Bia. Algumas adversárias reuniram provas de que ela lutava muay thai em Juiz de Fora, algo proibido pela Confederação Brasileira de Boxe, que exige dedicação exclusiva de suas atletas ao pugilismo. Bia foi suspensa por dois anos e não teve chances de competir na Olimpíada do Rio. Porém, foi selecionada no programa Vivência Olímpica, que colocou promessas do esporte brasileiro para conviver com os atletas olímpicos durante os Jogos de 2016. Ela viu de perto o ouro do conterrâneo Robson Conceição, o primeiro do boxe brasileiro, que a inspirou a chegar no pódio cinco anos depois.

Com a prata, Bia comprova a ascensão olímpica que vive o boxe do país. O Brasil demorou 44 anos para voltar a ganhar uma medalha no esporte depois do bronze de Servílio de Oliveira, em 1968. Os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão quebraram o jejum em 2012. No mesmo ano, Adriana Araújo se tornou a primeira mulher a medalhar com o bronze. Em 2016, o primeiro ouro veio com Robson. Agora, Abner Teixeira garantiu o primeiro bronze, Hebert Conceição ficou com o ouro e Bia completa o melhor desempenho do pugilismo brasileiro na história das Olimpíadas. O boxe também é o esporte que mais deu medalhas ao Brasil em Tóquio, empatado com o skate —mas com a diferença de ter um ouro. E, como a própria atleta avisou, vem mais por aí em 2024.

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