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Como jogar uma partida da Libertadores sem goleiro

River Plate, condenado a jogar o campeonato sul-americano com um jogador de campo debaixo das traves por ter os quatro arqueiros registrados na competição infectados com covid-19

Copa Libertadores
O goleiro do River, Franco Armani, tenta repor o jogo em partida desta temporada.JUAN MABROMATA (Reuters)
Enric González
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O River Plate deve enfrentar o Independiente Santa Fe, da Colômbia, nesta quarta-feira, pela Copa Libertadores. E não tem jogadores de futebol suficientes para formar um time de 11. Também não tem goleiro. Um contágio massivo de covid-19 os forçou a isolar 20 de seus jogadores, incluindo os quatro goleiros do time. Se a Conmebol, organizadora do torneio, não abrir uma exceção no regulamento no último minuto (e não parece estar disposta a fazê-lo), o River poderá alinhar apenas dez jogadores de campo, com um par de jovens e sem substitutos. Ainda não se sabe quem jogaria sob as traves.

No ano passado, a Conmebol ofereceu a possibilidade de inscrever 50 jogadores por time na Libertadores para evitar situações como essa. Mas Marcelo Gallardo, técnico do River Plate, descartou a opção. “Trabalho com um grupo profissional de não mais de 30 jogadores”, disse à época, “e não vou dar aos jovens uma falsa ilusão. Se o contágio for massivo é porque não temos que jogar, será porque a pandemia não nos permite competir em condições normais“, disse o treinador em setembro passado. Os regulamentos estabelecem que “em caso de lesão grave” um goleiro pode ser adicionado à lista a qualquer momento durante a competição. A Conmebol, no entanto, não considera em seus regulamentos que as infecções por covid-19 constituam uma lesão grave.

O River, tetracampeão da competição continental, não pode deixar de jogar. Com um mínimo de sete jogadores de futebol disponíveis, você é obrigado a fazê-lo. Caso contrário, além de perder por 3 a 0, seria multado e proibido de participar da Copa Libertadores por várias temporadas.

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O clube da listra vermelha já enfrentou um clássico no último domingo contra seu grande rival, o Boca Juniors, com um time remendado. Tinha 15 jogadores com covid-19 e alinhou um goleiro juvenil, Alan Leonardo Díaz, de 21 anos, que nunca havia trabalhado com o time titular, nem mesmo como reserva. Diaz, sem contrato profissional, teve um desempenho formidável. O jogo terminou 1x1 e os bosteros da velha boca do porto finalmente prevaleceram na disputa de pênaltis. O River tentou nesta segunda-feira, sem sucesso, fazer a Conmebol admitir a inscrição urgente do jovem goleiro Díaz para a participação na Copa Libertadores. “O River teve a chance de registrar 50 jogadores e optou por colocar 32 jogadores”, insistiu a Confederação Sul-Americana de Futebol. Os quatro goleiros inscritos pelo River, Franco Armani, Germán Lux, Enrique Bologna e Franco Petroli, têm coronavírus e Díaz não aparece na lista.

Quem vai calçar as luvas contra o Independiente Santa Fe? Gallardo pensou no meio-campista Enzo Pérez, lesionado, mas sem covid-19. Os médicos decidiram na terça-feira que seu problema nos isquiotibiais direitos (músculos na parte de trás da coxa) ainda era muito grave para escalá-lo, mesmo no gol. Descartado Perez, haveria a opção de outro lesionado, o zagueiro Javier Pinola. O fato é que Pinola fraturou o antebraço em março e ainda não se recuperou. Usá-lo seria quase como ter um goleiro maneta, além de inexperiente.

Ninguém sabe como estourou a bolha que supostamente protege os jogadores de futebol profissional. O contágio foi massivo e rápido. Muito provavelmente, a primeira infecção ocorreu durante a viagem à Colômbia para a primeira etapa na semana passada. O River tinha 15 pacientes no domingo e, na noite de segunda-feira, já eram 20, aos quais se juntaram vários membros da comissão técnica, incluindo o treinador de goleiros e o massagista.

“Vamos para a frente com o que temos”, afirmou a direção do clube. “O River deve se apresentar porque assim assinou”, declarou o presidente Rodolfo D’Onofrio, “mas tudo isso é insólito, ridículo”.

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