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Rapper DMX morre aos 50 anos

O músico, um dos criadores de rap que vendeu mais discos na história do gênero, estava internado desde sábado passado devido a uma overdose

DMX durante um show em Varsóvia em 2014.
DMX durante um show em Varsóvia em 2014.RAFAL GUZ (EFE)

O rapper Earl Simmons, conhecido artisticamente como DMX, um dos representantes mais influentes do gênero nos últimos 25 anos, morreu na sexta-feira aos 50 anos no hospital White Plains de Nova York, onde estava internado em estado vegetativo desde sábado passado, depois de ter sofrido, no dia 2, um ataque cardíaco devido a uma overdose. Personagem tão conflitivo e polêmico quanto idolatrado entre os amantes do hip hop e alguns de seus principais expoentes (Kendrick Lamar sempre o citava como uma influência fundamental), Simmons deixa uma das discografias de maior sucesso na transição do século XX para o XXI, assim como uma relevante carreira paralela como ator, que inclui sua própria série em 2016 em uma rede a cabo: DMX: Soul of a Man.

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O rapper nova-iorquino (1996-2017) faleceu com apenas 21 anos devido (segundo amigos, não informações oficiais de seu representante) a uma overdose. Emblema do ‘emo rap’ (seus versos não falavam de carros, luxo e mulheres, mas de suicídio, depressão e bruxaria), ele havia sido elogiado pelo ‘The New York Times’ como “o Kurt Cobain do rap”. A morte de alguém tão talentoso e tão jovem sempre acaba criando um mito. Enquanto esperamos para saber se Lil Peep também será, recordamos outros casos de enormes talentos que caminhavam rumo ao estrelato mas que se foram antes dos 25.
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DMX seguiu todos os paradigmas do artista com infância terrível e vida tormentosa cujo talento acaba prevalecendo diante das adversidades. Quando criança, sofreu maus-tratos, abusos, o abandono de seu pai e uma conturbada vida como membro de gangue, que logo se traduziu em múltiplos vícios em drogas, furtos no seio da comunidade afro-americana e suas primeiras noites atrás das grades. Encaixava-se milimetricamente no arquétipo de homem rude, musculoso e de rua que tenta a sorte com o rap sem muito resultado.

DMX tirou seu nome de uma máquina digital de criação de sons e começou a fazer rap aos 13 anos. Uma filial da gravadora Columbia publicou dois singles do músico, em 1992 e 1995, sem que ninguém parecesse notá-los. Mas um caça-talentos da Def Jam, a gravadora de Jay-Z, percebeu que seu perfil se encaixava perfeitamente no espaço deixado pelo falecido Tupac Shakur e insistiu em sua contratação. Get Me a Dog (1998), sua primeira gravação, já fez um sucesso considerável, apesar de a MTV se recusar a transmitir seu vídeo se as cenas mais violentas não fossem cortadas. No final daquele ano, seu álbum de estreia, It’s Dark and Hell is Hot, chegou ao topo das paradas da revista Billboard e acabaria vendendo quatro milhões de cópias.

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Os quatro discos seguintes também alcançaram o primeiro lugar (DMX foi o primeiro músico a conseguir isso) e seu sexto álbum, Year Of The Dog… Again (2006), teve de se conformar com a segunda posição por uma diferença de poucas centenas de vendas. Paralelamente, sua figura característica de gangsta lhe serviu para se destacar em longas-metragens como Barra Pesada, Romeu tem que Morrer (ao lado do artista marcial Jet Li), Contra o Tempo e Rede de Corrupção (que ele coestrelou com o durão Steven Seagal). Infelizmente, sua ficha criminal também era longa, e Simmons chegou a passar dos períodos na prisão, em 2009 e 2010. Em 2018, foi condenado a um ano de prisão por sonegação de impostos.

A música de DMX transbordava testosterona, em consonância com todos os cânones do gênero, mas também abria espaço −algo muito menos comum− para a sinceridade, confissões e emoções. Essa particularidade o tornou grande e icônico. “Ele soube abrir um caminho próprio, do sociopolítico ao espiritual”, elogiou Marcus Reeves em seu livro de 2008 Somebody’s Scream. Também foi hábil na hora de buscar inspiração mais ampla: What’s My Name? (1999) foi baseada no vídeo de Are You Gonna Go My Way, grande sucesso de Lenny Kravitz.

Para sua desgraça, Simmons, pai de 15 filhos, voltou aos velhos hábitos no final da primeira década do novo século, mergulhado em problemas redobrados com as drogas e um hiato discográfico que ele atribuiu à inveja do próprio Jay-Z. Seus últimos anos são os de um reincidente em infortúnios. Confrontos violentos com a polícia, episódios de maus-tratos de animais, internamentos em centros de reabilitação e até um ano atrás das grades, de 2018 a 2019. “Earl foi um guerreiro até o fim e seu legado icônico sobreviverá para sempre”, resumiu o comunicado em que sua família anunciou o falecimento.

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