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Jilmar Tatto: “PT tem que tomar cuidado para não se acostumar com carpetes e ar condicionados”

Pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, defendeu retorno às aulas só em 2021 e uma renda mínima municipal. O ex-secretário de Transporte defendeu o passe-livre

O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto.
O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto.Filipe Araujo (Filipe Araujo)


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O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto, terá um enorme desafio pela frente nestas eleições. Apesar de ter vencido as primárias da legenda, o partido chega ao pleito com dissidentes de peso em suas fileiras: ex-ministros do PT como Tarso Genro e Celso Amorim já manifestaram apoio a Guilherme Boulos e Luiza Erundina, pré-candidatos do PSOL. Mas isso é apenas parte do problema que se coloca diante de Tatto, que foi ex-secretário de Transportes de Marta Suplicy e de Fernando Haddad, mas nunca foi uma estrela popular. Alavancar sua candidatura e tentar chegar ao menos ao segundo turno dependerá tanto de reconquistar ao PT as zonas de influência da periferia como trazer bandeiras fortes à esquerda que o conectem com a base mais ideológica petista. Em entrevista ao vivo ao EL PAÍS nesta terça-feira, a primeira de uma série do jornal com os postulantes ao Executivo municipal, Tatto prometeu abraçar bandeiras ousadas, como a do passe livre gradual no transporte público: “Começaríamos a tarifa zero para os desempregados e depois para os estudantes”.

Na conversa de cerca de uma hora (veja abaixo a íntegra), Tatto fez questão de reafirmar seus laços comunitários, quando indagado sobre as declarações do músico Mano Brown em 2018 durante um comício do partido: “Se [o PT] não consegue falar a língua do povo, vai perder mesmo” ―uma reflexão após derrota de Fernando Haddad no pleito de 2016 e às vésperas da vitória de Jair Bolsonaro. “Eu nunca saí da periferia, nunca saí do povo e nunca terceirizei o povo”, afirmou. A família Tatto (que conta com vereadores e deputados) tem forte base eleitoral na zona sul da capital, principalmente na região da Capela do Socorro, onde comanda uma azeitada máquina política. A partir de lá Tatto se lançou deputado estadual e federal.

O pré-candidato do PT avalia que, independentemente de quem vença a eleição, será preciso lidar com uma São Paulo ainda mais desigual no cenário de pós-pandemia do coronavírus. Uma de suas propostas para diminuir a brecha entre pobres e ricos é a implementação de uma renda básica cidadã na capital para as pessoas registradas no Cadastro Único, algo nos moldes do auxílio emergencial pago pelo Governo Federal. O petista também fala introduzir, de forma gradativa, a tarifa zero de transporte na cidade.

Em 2016, o petista Fernando Haddad, então prefeito, afirmou que quem quiser passe livre precisa “eleger um mágico”, mas, segundo Tatto, dinheiro não será um problema para estas iniciativas. “Mesmo nesse momento de recessão e de pandemia a prefeitura tem caixa de 18 bilhões. Está fazendo caixa nesse momento, quando ao meu ver deveria já estar implementando a renda mínima”, afirmou. Segundo ele, a Prefeitura pode arrecadar dinheiro do estacionamento rotativo e dos aplicativos de táxi.

Volta às aulas só em 2021

Tatto é contra o retorno das aulas presenciais nas escolas neste ano, em meio à pandemia. “Todas as autoridades sanitárias colocam que é uma temeridade as crianças voltarem às aulas. Você pode aumentar muito a contaminação dos alunos e dos profissionais. Pais e professores estão apavorados”, diz. Para o pré-candidato, a Prefeitura deveria aproveitar o momento de pandemia para organizar a escola, pensar em um plano pedagógico para o momento do retorno e verificar quais crianças conseguiram seguir as matérias durante a quarentena e quais não. “Neste ano e mesmo no próximo, haverá termômetros para medir as pessoas para saber se elas estão com febre? Terá água encanada? Sabão e torneiras paras as crianças lavarem a mão? Álcool em gel?”, indagou.

De acordo com o petista, a pressão para o retorno às escolas não é dos pais, professores ou alunos, e sim dos donos de escolas privadas. “Isso é muito perigoso. A volta dos comércios também foi por pressão do poder econômico e não de ouvir as autoridades sanitárias. Isso é criminoso e inadmissível”.

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