Sara Winter e outros militantes de acampamento bolsonarista são presos por atos contra a democracia

Medida foi determinada por ministro Moraes a pedido da PGR em inquérito que apura manifestações contra Congresso e STF

Ao centro, com uma criança no coloco, militante Sara Winter participa de ato na frente do palácio do Planalto, em 15 de maio.Eraldo Peres (AP)

A militante bolsonarista conhecida como Sara Winter e outros cinco líderes do acampamento 300 do Brasil, em Brasília, foram alvos de mandados de prisão nesta segunda-feira. As prisões foram determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a pedido a Procuradoria-Geral da República (PGR).

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Moraes é relator de um inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos, com ameaças ao STF e ao Congresso e defesa do AI-5, ato institucional considerado o mais duro da ditadura militar (1964-1985) e que permitia o fechamento do Poderes e a suspensão dos direitos políticos dos cidadãos —algumas dessas manifestações tiveram a presença do presidente Jair Bolsonaro.

Ao solicitar as prisões temporárias, de cinco dias, a Procuradoria afirmou haver indícios de que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para as ações, que se ferem a Lei de Segurança Nacional. A ativista já havia sido alvo de buscas em uma outra operação, em maio, relacionada à investigação sobre produção de notícias falsas e e ameaças ao Supremo, também sob a relatoria de Moraes. Na época, ela chegou a fazer ameaças ao ministro. “Moraes, seu covarde, você não vai me calar!”, publicou nas redes sociais. “A gente vai infernizar a tua vida, vai descobrir os lugares que o senhor frequenta, a gente vai descobrir quem são as empregadas domésticas que trabalham para o senhor... até o senhor pedir para sair”, declarou.

O grupo ligado a Winter foi apontado como suspeito de disparos fogos de artifício contra o prédio do STF em Brasília no último sábado, mas ela nega relação com o episódio. O ato foi criticado pelo presidente da corte, ministro Dias Toffoli. “Infelizmente, na noite de sábado, o Brasil vivenciou mais um ataque ao Supremo Tribunal Federal, que também simboliza um ataque a todas as instituições democraticamente constituídas”, afirmou em nota. Toffoli acrescentou que essas manifestações “têm sido reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado”. A pedido do ministro, a PGR abriu um procedimento para investigar o caso.

O 300 do Brasil atua como uma espécie de milícia e se inspira em táticas de extremistas da Ucrânia, onde Winter, ex-ativista do grupo feminista Femen, diz ter sido treinada. Ela já declarou que os membros do acampamento possuem armas.

A advogada de Sara Winter, Renata Felix, afirmou à Agência Brasil que vai entrar com pedido de habeas corpus. Os nomes dos outros alvos dos mandados não foram divulgados.

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