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A nova batalha de Maradona: quer deserdar suas filhas

Dalma e Giannina dizem temer pela saúde do astro argentino e responsabilizam sua atual companheira pelo estado atual dele. O eterno 10 responde com a ameaça de doar sua fortuna

Diego Armando Maradona, em Buenos Aires, em 2 de novembro.
Diego Armando Maradona, em Buenos Aires, em 2 de novembro.ALEJANDRO PAGNI (AFP)
Federico Rivas Molina
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Diego Armando Maradona tem tatuados nos antebraços os nomes de suas duas primeiras filhas, Dalma e Giannina. Quando estava no auge como jogador de futebol, o astro argentino costumava dizer que as duas meninas, fruto de seu casamento de 14 anos com Claudia Villafañe, eram a razão para que continuasse nos gramados. Vendo-o refém dos vícios, mais de uma vez à beira da morte, Dalma e Giannina sempre estiveram lá para sustentar esse pai que desmanchava sob o peso da fama. Mas algo se rompeu. As meninas cresceram — hoje têm 31 e 29 anos, respectivamente —, Claudia virou ex-esposa de Maradona, e este não deixou de flertar com os escândalos. O último: a ameaça de deserdar as duas filhas.

Tudo começou em 31 de outubro, quando Maradona completou 59 anos. O ex-jogador, hoje técnico do time Gimnasia y Esgrima, de La Prata, comemorou em casa com sua atual companheira, Rocío Oliva, alguns amigos e Giannina. A cena que a filha viu naquela festa a assustou: sentado na cabeceira da mesa, Maradona tomava cerveja enquanto parecia ausente, meio adormecido. E decidiu denunciar a situação nas redes sociais. “Estão matando-o por dentro sem que ele perceba”, disse no Instagram a seu meio milhão de seguidores. Para completar o quadro, contou que seu pai lhe lembrou aquele “zoológico onde você podia tirar fotos com um leão gigante”. “Ele havia sido dopado, porque não é impossível domar a fera. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Rezem por ele”, pediu Giannina.

Diego Maradona com suas filhas Dalma Nerea e Giannina Dinorah, no Festival de Cinema de Cannes, em 2008.
Diego Maradona com suas filhas Dalma Nerea e Giannina Dinorah, no Festival de Cinema de Cannes, em 2008.Getty images

Cutucar a fera tem consequências. Maradona guardou uns dias de reflexão e depois disparou com munição pesada a partir da sua própria conta no Instagram. Em um vídeo caseiro, o eterno camisa 10 argentino assegurou que estava muito saudável, que dormia “placidamente” porque estava cansado, e que havia decidido dilapidar em doações a herança que deixaria a suas duas filhas. “Eu sei que agora, quando a gente vai envelhecendo, [as filhas] se preocupam mais com o que você deixa do que com o que você está fazendo. A única coisa que digo a todos é que não vou lhes deixar nada. Tudo o que juntei na minha vida eu vou doar”, acrescenta o ex-jogador no seu vídeo.

As desavenças entre pai e filhas não tardou a virar uma briga familiar mais ampla. Rocío Oliva, a quem as irmãs Maradona acusam de não cuidar de Diego, disse que se as filhas temem pela saúde de seu pai “levem o assunto a sério e fiquem com ele todos os dias”. Também entrou na disputa Claudia Villafañe, em litígio com Maradona por uma coleção de camisas de futebol que o jogador reivindica. “Assim como você tem colhões para subir um vídeo seu no Instagram falando da nossa filha, espero que tenha para se apresentar no tribunal”, disse-lhe a mulher.

A novela acaba de começar, mas não se sabe ao certo quanto está em jogo. A fortuna de Maradona é um mistério. Não ficou milionário como jogador — não eram os tempos dos contratos galácticos como hoje em dia —, e o que possa ter acumulado foi fruto dos negócios que fez depois de aposentado. Em Buenos Aires tem quatro propriedades, incluído o apartamento do bairro de Devoto onde viveram seus pais. Somou também valiosos presentes em sua passagem como treinador pelos Emirados Árabes, como um Rolls-Royce Ghost avaliado em quase 1,4 milhão de reais e uma BMW i8, que ronda os 700.000. De sua breve estada em Belarus, onde não chegou sequer a dirigir, mas onde ainda é homenageado, trouxe um anel de brilhantes avaliado em quase 1,4 milhão de reais, que ostenta como talismã em cada jogo do Gimnasia y Esgrima. E quando o Dínamo Brest nomeou Maradona como presidente honorário, lhe deu de presente um veículo anfíbio Overcomer Hunta.

Diego Maradona com seu filho Diego Sinagra, no batismo de seu neto, em Buenos Aires, em janeiro.
Diego Maradona com seu filho Diego Sinagra, no batismo de seu neto, em Buenos Aires, em janeiro.gtresonline

Aos bens materiais de Maradona é preciso somar também os dividendos pela venda do direito de imagem, como os que recebe da Konami, dona do game PS, e de uma marca de roupas esportivas. Além disso, recebe royalties por dezenas de escolas de futebol que levam seu nome na China, e investimentos imobiliários na Itália e Cuba.

A ameaça de deserdar Dalma e Gianinna, entretanto, choca-se com alguns dados da realidade. Acontece que Maradona tem também outros seis filhos que vivem na Argentina, Cuba e Itália, fruto de relações que ocultou de Villafañe ou com parceiras que teve depois de divorciado. O outro limite é legal. As normas argentinas não permitem que os pais deserdem seus filhos, considerados pela lei como o elo mais fraco de uma relação conflitiva. Uma lei aprovada em 2015 dispõe que os filhos têm direito a dois terços do patrimônio familiar (antes eram quatro quintos), independentemente dos desejos dos pais. Maradona tem então dois caminhos para castigar Dalma e Gianinna: gastar todo seu dinheiro ou doar em vida a terceiros, uma estratégia considerada “irregular” e que apenas ativaria eternos litígios judiciais com os felizes beneficiários da generosidade do jogador.

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